sexta-feira, outubro 11, 2024

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Nike Cortez de “Forrest Gump” faz 50 anos

Nike Cortez foi o primeiro tênis de corrida da marca e chegou ao mercado no início das Olimpíadas de Munique, no dia 26 de agosto de 1972.

O ano é 1994, milhares de pessoas ao redor do mundo sentadas em frente às telas de cinema são impactadas pela cena do personagem Forrest Gump (Tom Hanks) receber de sua amada Jenny Curran (vivida por Robin Wright), um par novinho de um Nike Cortez na cor White/Varsity Royal/Varsity Red, numa das maiores ações de markting da história cinematrográfica. Aliás, Tom Hanks é ótimo nisso. Lembra do Wilson? Mas voltando ao Cortez, naquele momento, a silhueta deixava de ser apenas mais um modelo das fileiras da Nike para ser tornar um ícone da cultura pop, que completa agora 50 anos.

O Nike Cortez foi o primeiro tênis de corrida da Nike em 1972. Criação do co-fundador da Nike, Bill Bowerman, ele ganha agora, em seus festejos cinquentenários, uma edição especial feita em collab com a Sacai, marca de luxo japonesa fundada por Chitose Abe em 1999. As vendas começam dia 31 no país por R$ 1.299,99, com pouquíssimos pares disponíveis no site da empresa. Do meu número, 41, por exemplo, só vieram três pares. Comprar um é quase como ganhar na loteria.

Aliás, ainda puxando o orientalidade da Sacai, a fundação da Nike tem muito de Ásia. Quando nasceu em 25 de janeiro de 1964 como Blue Ribbon Sports, a marca do swoosh era basicamente uma empresa importadora de tênis de corrida japoneses para os EUA, em especial os Tiger. Portanto, faz muito sentido que a collab que comemora as cinco décadas de seu primeiro tênis de corrida seja com uma marca japonesa.

Voltando à origem do Cortez, seu nome primordial no início do desenvolvimento em 1968 era Mexico, em alusão às Olimpíadas que aconteciam naquele momento. Mas como já havia o Onitsuka Tiger Mexico 66, isso logo foi descartado. A segunda denominação em vista foi Aztec, que chegou a correr em processo de registro. Mas a Adidas já tinha o Azteca Gold e uma ameaça de uma ida ao tribunal fez a Nike mudar de ideia.

A flagrante falta de criatividade com o nome do tênis foi resolvida com uma homenagem também não muito boa, ao sanguinário conquistador Hernán Cortés, que aniquilou o Império Asteca usando a fé. Ele conseguiu induzir Montezuma, o imperador asteca, de que ele era a reencarnação de Quetzalcoátl, o deus serpente que criou a humanidade. Após ajoelhar aos pés de Cortés, Montezuma foi aprisionado e morto. E os astecas, que tinham, provavelmente, a astronomia, metalurgia, arquitetura e matemática mais avançados daqueles tempos, sumiram do mapa.

Mas como os americanos não são lá muito conhecidos por sua proficiência na história mundial, o nome que homenageava um matador de mexicanos querendo louvar o México logo caiu nas graças do mercado. E o que determinou isso, mas que sua nomenclatura, era sua qualidade. Fruto de anos de upgrade de produtos de outras marcas feitos por Bowerman, o Cortez era realmente superior. O segredo estava na entressola mais dura no meio das duas espumas mais macias, o que criava mais absorção de impacto e mais estabilidade na corrida.

A ponto de quase toda a delegação estadunidense usar o tênis nas Olimpíadas de 1972 em Munique, na Alemanha. Tamanha vitrine fez os Cortez explodirem em vendas, com mais de 800 mil dólares em negociações no primeiro ano, deixando o Tiger com apenas 8 mil dólares em vendas, criando praticamente um monopólio. Apesar de copiar o desenho e as cores do Tiger Corsair de 1969, o modelo japonês usava a entressola apenas como estilo, as três partes eram do mesmo material, sem o diferencial do Cortez.

Outra curiosidade é que o Cortez foi adotado pelas gangues latinas de Los Angeles, se tornando um símbolo “gangsta” californiano, principalmente nas cores preta e branca (que recebeu até uma versão da Compton). Essa imagem se expandiu às origens da cena Low Rider dos Estados Unidos e no Brasil também. Seu desenho raiz, com poucas alterações desde o lançamento, e sua durabilidade também alçaram o sneaker ao status de beater dos beaters, que perdura até hoje e deve seguir por mais 50 anos.

Uma das versões mais legais do Cortez para mim é uma feminina para os 45 anos do tênis. Chamada de Metallic Gold, ela tem toda a parte do cabedal dourada metálica, contrastando com um um forro interno acetinado, lace encerado e entressola pretos. Já a sola é translúcida com detalhes dourados. Impossível ver e não se apaixonar por esta versão.

Fonte: DIEGO ORTIZ (Estadão)

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