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quinta-feira, abril 18, 2024

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Moderno mas com muita rima, “Roho Tahir”, disco de RT Mallone, é a alma pura do rap

A justifica desse título se dá de duas formas. A primeira é literal com a tradução de alma para a palavra “roho”, do suahíli e o significado de pura para “tahir” do egípcio. A segunda justificativa ao título é simples, estamos diante de um disco de rap com muita rima boa. Pode parecer absurdo falar isso sobre qualquer rap, mas as novas tendências por vezes vêm com muito beat, muito hype, muita jóia e nem sempre a rima se destaca. Assim como Emicida e Kendrick Lamar, RT Mallone mostra que é possível modernizar seu ritmo e poesia sem deixar de lado a técnica e a lírica.

O nome do disco, praticamente um homônimo, não é por acaso. Em “Roho Tahir” estamos diante do rapper de peito aberto, sem máscaras, mostrando quem é e de onde vem. Maior nome da cena de Juiz de Fora, o rapper fez um disco para falar sobre seu bairro, o Arado e sobre seu ego, não apenas na perspectiva negativa da palavra, mas também sobre medos e vitórias, amor e perrengues.

A identidade visual do projeto é assinada por uma dupla de peso. O fotógrafo João Victor Medeiros, de Juiz de Fora e o ilustrador Gabriel Hislla, de São Luiz. Cada um em enorme ascensão em sua área, João Victor recentemente esteve em Chicago expondo algumas de suas fotos e Hislla entre outros trabalhos assinou a capa do single oficial da última Copa do Mundo. O maior mérito de ambos é ter a sensibilidade de transmitir as ideias que o próprio RT Mallone ás vezes não consegue explicar. Num conceito de realeza da quebrada, onde a jaqueta é seu manto, mas mostrando que em sua história o rapper já era rei desde criança.

Primeiro artista a sair da bolha da cidade, assinando com a Artefato, gravadora de São Paulo, o disco reflete esses dois mundos na vida de RT Mallone através das participações. A produção executiva e musical de todo o álbum é de Negus, criador da gravadora e que descobriu RT logo em seus primeiros singles lançados. Os instrumentais ficaram por conta de Everton Beatmaker, Muxima e Lucas Borges de JF e ABNR, Nauak e Heron Francelino de SP.

RT Mallone ainda dividiu espaço com outras vozes como o próprio Negus, uma das grandes referências da carreira do rapper, Isis Orbelli, jovem artista com caneta tão afiada quanto RT e Santiago, um dos maiores nomes do R&B e Trap nacional, confirmando que dá para fazer rap bom estando no hype.

A alma pura na perspectiva do artista não é para coloca-lo como maior, ao contrário é para mostrar-se mais humano, porém não confunda humanidade com fraqueza. RT Mallone mostra que é grande o suficiente para falar mais sobre quem é e crescer sem deixar suas raízes.

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