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sexta-feira, maio 3, 2024

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Mano Cappu inicia novo ciclo com álbum “UFA”

Texto: Sandy Lylia da Silva (Jornalista)

Vivenciar as provações da privação da liberdade, de forma injusta, e transmutar esse naco de tempo e espaço em impulso, utilizando a arte como forma de denúncia e de cura. Assim, Rodrigo Berto Sobrinho Pinheiro, mais conhecido como Mano Cappu entrega seu mais novo álbum “UFA”, como um grito quente que exprime em dez faixas uma trajetória cantada de seus desejos, anseios, sua realidade no cárcere, as mazelas sofridas na periferia, e o mais importante, a glória do seu ressurgir em meio a todos esses escombros emocionais. Ouça o álbum “UFA”, no seu tocador favorito.

Quando falamos do Rap na vida do Mano Cappu, a estrada é longa, já se vão mais de 20 anos dentro da cultura Hip Hop. Cappu pra quem não sabe vem de capoeira, um apelido que ganhou na quebrada, se tornando o “Mano Cappu”. A quebrada é o CIC, Cidade Industrial de Curitiba, a maior periferia da capital paranaense. Com 19 anos foi preso injustamente, permanecendo 18 meses em cárcere privado. E foi a partir daí que seu novo álbum nasceu, cresceu e tomou forma.

A viagem musical inicia numa densidade instigante da faixa de abertura “Testemunho”, que nos coloca no fronte da realidade do julgamento midiático, e aos poucos ganha o tom da narrativa do primeiro ato do inferno vivido por Cappu, a prisão injusta por um crime que ele não cometeu.

No respiro para retomada do prumo, entra a faixa “Ufa”, que canta o grito da liberdade do cárcere, enaltecendo a resiliência, o perdão e o amor como ferramenta de retomada pra vida.

O novo álbum também navega em temáticas como a desigualdade racial, valorização do movimento negro, corrupção da sociedade moderna, males do uso de drogas, dinheiro como energia do movimento, e também adentra na honra à ancestralidade, passando pelo enaltecimento da energia feminina, e fecha com uma celebração ao toque do cavaquinho, com a faixa “Passô – Passô”, que traz a bonança após a escuridão desta tempestade prisional.

Um homem negro e livre, que hoje além de Rapper, é roteirista e diretor, e deixa marcado sua transição para seu novo ciclo de existência, cravando a estreia desta coleção de músicas cheias de significado e recheadas de beats de responsa!

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