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quinta-feira, abril 25, 2024

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Em sua estreia no Rap, Sapa Ganjah apresenta “Ac$ssório d$ Grif$”

Conhecida por suas lutas políticas e flow agressiva Sapa Ganjah, carioca da região Sul fluminense, hoje em terra pé vermelha, lança seu primeiro trabalho, “Ac$ssório d$ Grif$” junto com o produtor musical Azzafe na produtora DaTribo43.

Ac$ssório d$ Grif$” foi gravado durante um ensaio da marca @cequecefala, direção artística ficou por conta pelos produtores independentes @n.e.g.a.t.i.v.o e @brunopmazzon.i, edição de vídeo, colagem com @maisfundoqueomar e participação especial de P13beu.

Quando a sapah entrou no estúdio e cantou a letra de Acessório de Grife, em cima do beat, até arrepiei com intensidade da energia que ela passa, o jeito com que ela da o máximo pra colocar o sentimento na música me mostrou na mesma hora o potencial que ela tem pra mudar a cena Brasileira, com seu flow e letras que nos faz pular e fritar com a mão na consciência.”, comenta Azzafe produtor e CEO do estúdio e gravadora DaTribo043.

‘Ac$ssório d$ Grif$’ é meu segundo som gravado em estúdio, e o primeiro que tive coragem de soltar. Se tudo der certo, sai até o fim do ano, lanço o álbum Cidade dos Pés Juntos, carregado de Drill, pesadíssimo no nível pra ouvir em um carro no último volume. Pra mim é um prazer compartilhar com vocês a minha evolução como artista, pra além dos conteúdos das minhas letras”, afirma Sapah Ganjah.

O ZonaSuburbana entrevistou a Sapa Ganjah, confira abaixo mais sobre esta mulher incrível.

Qual seu nome/ vulgo e quando o hip hop entrou na sua vida?

Sapa Ganjah, mulher preta lésbica e periférica que, assim como qualquer pessoa da favela da periferia, tem o rap inserido em sua vida desde muito cedo, afinal, o rap foi e ainda é o primeiro veículo cultural de voz da periferia. (Hoje, graças a muito luta, não mais o único) ouvir meus tios, pais, curtirem Racionais MC’s quando criança, e mesmo sem muito entendimento da vida, saber sobre que realidade aquela letra se trata por a estar vivendo na prática, é um exemplo disso. Essa primeira conexão com o rap, o funk e minha construção de identidade em cima disso é inclusive, algo que tento abordar no álbum CDPJ – Cidade Dos Pés Juntos.

Referências antigas e atuais que formam sua personalidade no hip hop?

Eu sou carioca né, da região Sul fluminense, mas ainda sim carioca. Seria uma heresia eu falar que a Camila CDD não é uma referência minha, mas, eu tive a honra de um período da minha vida ser fã e conviver com a rapper Luana Hansen, que foi a primeira mulher preta, sapatão que eu vi na cena do rap escrever algo que desrespeita a política estrutural que impera a vida das mulheres. Luana Hansen, e seu refrão “Lutar pela legalização do aborto, é lutar pela saúde da mulher” é sem sombra de dúvidas um dos motivos de eu estar na música hoje, e de ter ciência o quanto usar a música pare denunciar a barbárie que o Estado faz, pode salvar a vida ou ajudar muitas outras mulheres.

O que você pretende passar com sua música e qual seu maior sonho no rap?

Gostaria de confluênciar ideias e vivências com outras mulheres e pessoas que ouvissem e fossem atrás por exemplo, dos dados e estatísticas de violência que eu cito nas músicas. Gostaria que ao ouvir uma vivência pesada, de uma realidade cruel que o Estado tem com certa parcela da população, os ouvintes pudessem vir a sentir empatia, a topar construir uma luta contra essa hierarquias de poder, e que sobre tudo, respeitassem a opinião e a vivência desta que compõe e escreve, mesmo quando por exemplo não se identifica com tal. Dialética, e confluência é a onde eu quero chegar, o que eu quero passar é que a realidade de mulheres lésbica pretas desfeminilizada maconheira, e de todas as mulheres desfeminilizadas é cruel, passar os ônus e os bônus do amor e de amar mulheres, e talvez conectar a galera que for ouvir os meus sons, com minhas maiores referências teóricas como Audre Lorde, Adrienne Rich. O que sei que vai ser difícil, afinal é um Drill, e parte da configuração dele é se tratar de uma realidade pesada, no meu caso, uma realidade sociocultural e política pesada.

Você como ativista da liberação da Cannabis qual seu conselho pra quem sonha em gravar sua primeira música e tem medo da repressão?

Tinha tanto medo de por a cara. Falar o que penso, mas a gente tem que olhar quem somos, o que e quem representamos para poder nos empoderar e tomar coragem de fazer isso, usar a música como um veículo pra além do cultural, e para além de como ela está sendo instrumentalizada hoje em dia.

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