MC carioca Sedex apresenta seu primeiro EP, intitulado “Vinte e Três”, projeto que traz momentos marcantes de sua passagem pelo ano de 2015 (no auge dos seus 23 anos).
O Vinte e Três de domingo a domingo, semana a semana, mês a mês….
Por Pablo Duca*
Boa parte de nossas ações em nossa passagem tornam-se cíclicas em semanas, dias e meses até finalizar os trezentos e sessenta e cinco dias, para que um novo ciclo termine/inicie. É louco imaginar, contemplar, montar uma estratégia pra que as coisas funcionem e tudo isso, de certa forma, tomar outras proporções, sentidos e gostos, tendo em vistas as reviravoltas de nossa vida, sempre surpreendentes. Que bom!
Ao mesmo tempo, outras formas de buscar por evolução nos são ofertadas em gestos nobres e olhares ainda mais serenos afinal, aos 23 de segunda a domingo, vestindo a 23 vermelho e preto na boca do garrafão auxiliam no engrossar do caldo da história, pra que a mesma seja escrita nas altas horas da madruga, com meia caneca de café já frio em cima de batidas bem elaboradas e métricas bem construídas. Dos e nos VINTE E TRÊS, é que a coisa toma forma e a audição é o que nos resta.
Gustavo Sedex, pivô/liricista abre a porta de sua morada sonora e nos apresenta uma escrita regada de uma boa fluidez rítmica e lírica, às vezes um tanto quanto subjetiva em seu discurso, levando quem ouve para um mergulho no conteúdo da obra e também, permitindo que o mc finque sua bandeira em outros campos – sonoros e das idéias – atingindo, dia após dia, uma evolução plena na música rap de Volta Redonda. O extendend play faz valer a máxima de Jorge Ben – NUNCA NESSE MUNDO SE ESTÁ SOZINHO – e conta com a contribuição responsa do Estúdio Setor, com Ramiro Mart e Gori Beatz com o estandarte ao alto na linha de frente e, fortalecendo as barras e samples, os parças Fernando Frikazoid e Raqui, dando um vasto universo musical na obra. Também nessa frente tem o conceito gráfico elaborado por Ana Luísa Flores e finalização de Vitor Morais.
O EP “Vinte e Três” é um significativo registro de maturidade do MC, com rimas certeiras e de vocabulário primoroso, mas de tenra degustação em cada frase das canções. Nota-se um esquema bem armado de desbravar um caminho, numa primorosa construção musical – CADA UM DOS MEUS É UM DEUS, SÓ ESCUTAR – digna de um cascudo do “game”, mas o MC malandramente nos leva a crer que a pouca idade que possui, não impede do seu lugar ao sol, com coragem e prudência no que está sendo apresentado e o que mais no interessa pra nós ouvintes é garantir o passaporte desse registro (a) temporal e, juntos dele entender/absorver os TREZENTOS E SESSENTA E CINCO DIAS inspiradores para sua trajetória de musical e de enriquecimento de vida e do trabalho e, os próximos DIAS que virão pra nós quando o EP findar no nosso player.
*Pablo Duca voltou a ter vinte e três depois da audição de “Vinte e Três”.
“Situações essas que me fizeram mudar completamente o modo de viver. De enxergar as coisas, foi literalmente uma virada de página, divisor de águas. E tem rolado uma identificação muito sinistra por parte de quem ta ouvindo acho q pelo fato da maioria dos ouvintes estarem passando por essa fase dos vinte e poucos anos. E essa vivência que tem me dado parâmetro pra viver como procuro viver.”, conta Sedex.
“Dentre essas situações punk, tem a morte do meu pai. Morreu bem no dia 24 de dezembro pela manhã, foi uma das porradas fortes. Narro essa batalha interna dos vinte e poucos anos, só que especificamente nos 23!”, conclui.
Confira na íntegra o EP “Vinte e Três”:
