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sexta-feira, março 29, 2024

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Com narração da slammer Victoria Aparecida, Leonardo Alan lança o curta-metragem “Primeiro Ato”

O multifacetado artista Leonardo Alan marca o Dia Nacional dos Direitos Humanos com o curta-metragem “Primeiro Ato”, disponibilizado em seu canal do YouTube. O vídeo é narrado por um poema de Victoria Aparecida, artista nascida e criada em Poá, no extremo leste de São Paulo. Em seus trabalhos anteriores Leonardo Alan abordou temas como as liberdades LGBTQIA+, sexual, política, além da manipulação em massa, intolerância  religiosa e racismo. Agora, o artista escolheu como tema os Direitos Humanos, ao retratar a população preta invisibilizada, marginalizada e que vive em condições insalubres. 

Originário da região do grande ABCD em São Paulo, e residente na Bélgica há oito anos, Leonardo Alan ficou afastado de sua mãe por muito tempo. Finalmente agora, em 2022, ela foi passar uma temporada de três meses com o artista na Europa, esse reencontro foi uma catarse inspiradora para o curta. Durante uma reunião com sua assessoria de imprensa surgiu a ideia da produção, quando sua Relações Públicas, a Comunicadora Social e Artista, Nega Cléo, viu sua mãe desfazendo suas tranças. Esse cuidado materno despertou em Nega Cléo a ideia de uma produção audiovisual em que mãe e filho são os protagonistas, a partir daí, junto com Leonardo Alan, foram desdobrando o roteiro. Nega Cléo entrou na produção como Diretora Criativa tendo inclusive a ideia de convidar a poeta Victoria Aparecida, que conheceu em batalhas de poesia, para integrar o projeto.

Em sua poesia, Victoria denuncia o racismo estrutural e enfatiza: “é essa gente (preta) que mantém esse país estruturado” e continua: “quem produz a riqueza da elite é quem segue sendo chicoteado, baleado”. Para além do racismo, Victoria faz uma crítica assertiva contra o feminismo branco, que esquece que quem limpa a sua sujeira é a tia preta da limpeza, sendo ainda tratada como escrava. E ainda lembra que o seu povo já praticava o comunismo nas aldeias bem antes de Marx. O poema é um verdadeiro soco no estômago da branquitude e termina com a seguinte frase: “se prepara para a justiça, que hoje ela veio dobrada.

Parte do roteiro do curta foi inspirado em uma edição do programa Fantástico, da TV Globo, sobre a Cracolândia. Incrédulo ao saber que quase uma década depois a situação dos moradores de rua e usuários de drogas da região piorou, o artista decidiu incluir no curta-metragem cenas da esquina da Rua Helvétia com Alameda Cleveland, onde fica localizada a cracolândia, no bairro Campos Elíseos, em São Paulo. “Eu demorei para falar sobre a periferia em minha arte, porque quando uma pessoa diz ser da periferia, ela é estigmatizada. Eu não sou um artista que gosta de ser estigmatizado, eu sou várias coisas e isso se aplica não só a maneira como eu trabalho, mas também se aplica em me identificar com um artista que quer falar com diversas pessoas. Porém, percebi que como artista, falar sobre a periferia se tornou algo urgente para mim”, reflete.

Dirigido pelo próprio Leonardo Alan, o cenário se deu de maneira orgânica. “A forma como as roupas foram colocadas me remeteu aos corpos pretos invisibilizados, mas óbvio que cada um vai ter a sua própria impressão quando assistir. Já a forma como esse personagem deita no colo da mãe, tem muito de Otelo – peça de William Shakespeare – tem muita coisa que pode vir a partir dessa relação, eu quis colocar a figura dessa mulher como uma deusa”, explica.

Para além da questão dos Direitos Humanos, Leonardo Alan fez um resgate à ancestralidade no curta. Na Europa, o artista fez um exame de DNA para identificar sua ancestralidade e descobriu que tem genes de diferentes países da África como Nigéria, Quênia, Serra Leoa e Massai – um grupo étnico africano de seminômades que vive no Quênia e no norte da Tanzânia. A partir daí, conforme o vídeo foi sendo construído, Leonardo Alan optou por incluir imagens da África no curta. Ao final, a presença de sua mãe acaba por também representar todas as mulheres negras brasileiras que apoiam e dão sustentação aos homens pretos marginalizados.

Assista:

Sobre Leonardo Alan

Leonardo Alan é um multiartista brasileiro, nascido em São Paulo, mas que há oito anos reside na Bélgica. Multifacetado, atuou no teatro e no cinema, e em 2020 iniciou sua carreira como cantor e compositor com o single ‘Watching You’. No mesmo ano lançou ‘Danado’, no Dia da Consciência Negra, e mais recentemente, ‘Batucada’. Leonardo Alan tem projetos audiovisuais para serem lançados ao longo de 2022, seu trabalho tem uma forte mensagem política, abordando a hipocrisia das relações, a liberdade sexual, o racismo e o ego, temas que transpassam para a sua música, uma mistura de samba com funk carioca, que não faz o ouvinte apenas dançar, mas também o faz questionar sua própria identidade. 

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