sábado, novembro 2, 2024

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Cesar MC rima sobre momentos de crise em seu segundo disco, intitulado “Ligações Estranhas”

Eu não consigo não cantar o que eu vivo. No momento, eu só tenho crise”. Essa é uma das formas como Cesar Mc traduz o sentimento a respeito do seu novo álbum, intitulado “Ligações Estranhas”, já disponível nas plataformas digitais. O projeto é sucessor do elogiado disco “Dai a Cesar O Que É de Cesar” (2021), premiado como melhor álbum no Prêmio da Música Capixaba no seu ano de lançamento, e responsável por estabelecer o artista como um dos principais MC’s do país. Agora, com “Ligações Estranhas”, Cesar evidencia seu lado mais real e propõe uma reflexão corajosa sobre a busca incessante pelo reconhecimento na indústria musical. Ele incorpora as estéticas e flows atuais do trap e do drill, sem deixar de elevar a narrativa, pautada pela lírica profunda e irônica. 

Como um spoiler do que estava por vir, o final do videoclipe de “Mortal Kombat” – primeiro single do disco, apresentado na última semana (assista aqui) – é encenado pelo ator Babu Santana questionando a postura de Cesar, após o cantor exaltar a si mesmo durante todo o videoclipe. Na narrativa, o rapper explica que está tentando se “adaptar” às novas tendências, mas que não sabe muito bem se é a atitude correta, e o registro audiovisual é encerrado com Babu apontando para um telefone tocando. Criando a relação com o título do projeto, “Ligações Estranhas”, ao longo de 13 faixas, o MC recebe diversos tipos de telefonemas de desconhecidos, amigos e até do que seria o seu próprio alter ego. “Quando eu entrei nesse momento de crise, eu procurei muitas pessoas. Teve as que não atenderam, as que atenderam e aquelas que sempre estiveram ali chamando”, explica Cesar.  

Abrindo o disco, “Art.ficial” traz o tema central dessa crise, a luta cansativa de fazer com que uma música autêntica caiba dentro daquilo esperado pela indústria. A reflexão também é perceptível com a audição de “Isso é Tudo Pessoal”, em que o rapper deixa explícita a necessidade de cantar sobre o que está vivendo, sem nenhum tipo de estratégia para tentar se encaixar. “Luzes no Céu”, por sua vez, se conecta com a questão das batalhas do “rap game”, onde Cesar aconselha os garotos da comunidade a sonharem, sem que os padrões e as tendências os limitem. A faixa é sucedida por “Pipas e Drones”, na qual o poeta canta sobre as ilusões do mundo e a conquista por espaço sem objetivo. “Não adianta ser o mais veloz, se não sabe nem pra onde ir”, reflete o artista. 

Lovesong em batidas de trap, “Fora de Área” traz rimas sobre saúde mental e a relação com os psicólogos, enquanto em “Hemi, Casa Comigo?” Cesar celebra a cumplicidade e a paz de uma vida a dois. Em “Número Desconhecido feat. Cesar”, ele faz um feat com seu próprio “alter ego” e fala sobre o tempo em que se manteve longe de si e todo o seu processo de autoconhecimento. Criando uma conexão com a próxima faixa, “Ligação Perdida feat. Deus” ilustra um diálogo sincero do dia a dia e o peso da fé na jornada do MC. O artista idealiza uma vida com dinheiro e luxo em “Blink Doo” e, em “Melhor Assim”, outra “ligação” do álbum é realizada, em que ele conversa com seus companheiros de longa data das batalhas de rima, Dudu e Noventa, sobre a importância de se ter um lugar para desabafar. 

Com participação de VK, a faixa “Eu Sou Favela 2 dá continuidade à parte 1 da música, “Eu Sou Favela”, lançada em 2020 pela Pineapple StormTV. “Conselho pros Crias” é a canção responsável por encerrar o disco e sintetiza, de forma simples, a mensagem do rapper sobre a importância de se manter firme, apesar dos momentos de crise. Assim, o disco registra os novos caminhos, sonoridades e tendências explorados por Cesar Mc, que, por meio, das composições, apresenta temáticas que levam à contemplação e reflexão dos ouvintes. Como uma representação de sua volta ao jogo, o disco também afirma a determinação do rapper em conquistar a cena com sua arte, mensagem e talento.

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