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sexta-feira, abril 26, 2024

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ZonaSuburbana Entrevista o Rapper Rocha Miranda!

Conheçam um pouco mais sobre o rapper, poeta e integrante do Q.I. Alforria, famoso pelo jogo de palavras e por suas punchlines;

ZonaSuburbana: Salve Rocha, é um prazer tê-lo por aqui e conhecer melhor seu trabalho, espero que curta a entrevista! Vamos as perguntas!
Rocha: Da hora poder somar com o ZonaSuburbana, um site que sempre mantém os adeptos do Rap informados, desde a cena que está em evidência até os irmãos que estão lutando por espaço.

ZonaSuburbana: Me fala um pouco sobre você e a poesia, se é hobbie, profissão, passa-tempo, enfim, como faz parte da sua vida?
Rocha: A poesia já é um barato que faz parte da minha vida pois eu ouço e faço Rap e, pra mim, Rap é poesia. As pessoas tem o costume de associar a poesia com versos bonitos e complexos, sendo que poesia é tudo que envolva a paixão pelas palavras e a necessidade de expor seu ponto de vista sobre algo em versos. Hoje em dia, com a explosão dos saraus pelas periferias, a poesia está se tornando mais popular. Eu acho que a meta é essa, tornar o termo “poesia” popular ao invés de ser um termo elitizado. Não sou muito fã de livros de poesia – Manuel Bandeira, Camões, Vinicius de Moraes, entre outros(da cena atual também) – esses escritores são uns caras que eu nunca li, se pá nem na escola. Mas eu adoro a poesia musicada, seja do Samba, do Rap, do Baião, do Rock, do pancadão, tudo tem sua verdade e sua beleza. E também gosto muito de alguns poetas periféricos que circulam pelos saraus das quebradas e que prezam a resistência, a originalidade e o lirismo!

ZonaSuburbana: Como você divide a sua carreira solo da sua carreira com o Q.I. Alforria?
Rocha: É tranquilo, eu ainda não tenho agenda de show solo, então não atrapalha as datas dos shows do Q.I. Em relação a criação, estou bastante focado em escrever e produzir as músicas do meu álbum, até porque o Q.I. Alforria está com um trabalho praticamente pronto, titulado de “Valsa da Vitoria”  que ainda sai nesse ano de 2013.  Meus irmãos de grupo não são contra eu lançar um disco solo – inclusive me apoiam – pois sabem que a cena precisa de mais lançamentos com produtores e MC’s bons que ainda não tem nome, sabem que a cena necessita de lançamentos que imprimam novas “marcas” no sentido estético e ideológico. Além disso, o RgdoQI está em estúdio, gravando seu disco “Inegável”, que por sinal ta muito foda, o Cafuris circula em diversas festas do “Rap favela” e saraus. O DJ Dick esta organizando diversas festas, ou seja, no Q.I Alforria todos integrantes estão fazendo seus corres individuais ligado ao Rap.

ZonaSuburbana:
De onde vem seu nome artístico “Rocha Miranda”?
Rocha: Tem um parceiro meu, que é crente, que falava pra mim quando eu era metido a ateu: “Pedro, tu és firme que nem a rocha! ”, como eu não tinha vulgo artístico, eu comecei a usar o nome Rocha. Miranda veio quando eu comecei a fumar maconha, pois os manos chamavam as ervas boas de “rocha” e umas que eram realmente foda de “rocha miranda”. Achei nipe pra carai esse nome e utilizei(risos).

ZonaSuburbana: Seus sons são conhecidos pelo jogo, tanto de palavras, quanto de idéias, como você adotou essa característica? Você acha mais difícil para compor?
Rocha: O jogo de palavras eu utilizo desde os meus 17 anos. Hoje eu tenho 26, ou seja, uso esse estilo há 9 anos, pra mim é bem natural. Às vezes eu só percebo que tem jogo de palavras quando estou gravando no estúdio. Não priorizo as palavras serem parecidas. Hoje em dia eu priorizo mais o conteúdo e a ideia soar interessante e imprevisível. O jogo de palavra, sem nexo, não vira, tem que ter sentido. E o que determina o tempo de uma composição é o tema e não a técnica. Se for pra fazer uma rima de 16 versos falando sobre a madrugada, eu faço até mesmo no estúdio antes de gravar, agora se for fazer um som falando da vida usando metáforas, de repente com matemática por exemplo, aí exige um pouco mais de tempo (risos).

Zona Suburbana: O que você pensa que falta ou você acrescentaria no Rap Nacional atualmente?
Rocha: Eu penso que os DJ’s são peças fundamentais pra mudar a cena. Eu vejo muita coisa sendo produzida com qualidade de rádio e pista, porém, que não toca em nenhuma balada. Temos músicas com batidas contagiantes, mixagem e masterização profissional sobre os mais variados temas, só que os DJ’s não tocam. O conservadorismo dos DJ’s é algo que tem que ser mudado, eles tem o poder de educar o ouvido do público, mas não educam. A cena fica viciada nos mesmos nomes, nos mesmos estilos e nos mesmos assuntos. Vejo que os MC’s estão cada vez mais criativos, os Beatmakers estão estudando música, muita gente se profissionalizando na parte de Marketing, porém não tem vitrine pra exibir seus trampos. O excesso de bunda-molismo do Rap impede que a cena evolua e se torne mais madura. O medo do “novo”, dos donos das casas de shows, dos diretores que comandam programas de Hip-Hop em algumas emissoras de rádio ou TV e os DJ’s prestam um desserviço para toda cultura Hip-Hop, até porque o os adeptos do Rap estão carente de coisas novas!

ZonaSuburbana: Seu álbum vem quebrando todos os limites do pudor, com temas bastante polêmicos. Como você pretende driblar a censura moral e fazer com que a mensagem chegue a todos sem ser mal interpretada?
Rocha: Todos os limites eu acredito que não! Tem que ter muita audácia pra quebrar todos os limites do pudor. O que faço é falar o que eu penso e o que eu seguro a bronca. Eu sou um maloqueiro que é registrado, na certidão, como pardo mas que se posiciona como preto no mundão, que gosta da noite, de bebidas, cinema, fêmeas da espécie, que não gosta de policia por saber o que ela representa na sociedade e que já leu o suficiente pra não ser robozinho do capitalismo e nem das “militância imaginária”. Todas essas paradas que a vida me trouxe me influencia na hora de criar e por isso eu me sinto a vontade pra fazer uma musica falando do Steve Biko, como tambem me sinto a vontade em fazer uma música falando de uma noite de sexo. Mal interpretado eu já sou, só que eu faço parte do hip hop , na qual, é uma cultura jovem e, como cultura jovem, a rebeldia e a liberdade são elementos fundamentais. Se os cuzãos querem fazer patrulhamento ideológico no que eu canto, os caras não entenderam minhas músicas e muito menos o próprio rap.

ZonaSuburbana: Há quanto tempo você faz Rap? Quais são suas influências? E em que você se baseia na hora de compor?
Rocha: Rimo desde os 13 anos, mas com grupo há 11 . Pra mim, o Mano Brown e o Chico Buarque são os maiores compositores da música brasileira! O Chico é um homem branco e burguês que consegue falar de favela, operário e ainda consegue interpretar a mulher com uma sensibilidade absurda. O Brown é foda, ele fala do crime e da dor com muito romantismo, além de narrar o gueto e muitos sentimentos humanos com muita fidelidade. Chapo demais nas rimas do Eduardo, gosto do jeito que ele provoca as pessoas, em um verso ele fala um bagulho muito pesado, mas no segundo ele solta uma bigorna de uma tonelada na sua cabeça(risos)! Gosto também da liberdade e ancestralidade do Jorge Ben. Agora pra compor não tem muita fórmula, só me preocupo em não soar inocente e óbvio.

ZonaSuburbana: Pra finalizar, como de praxe, deixo a última pergunta pra você deixar seus contatos pra quem quiser, acompanhar seu trabalho. Satisfação imensa em ter te entrevistado, espero que você tenha gostado!
Rocha: Gostei pra caralho! Eu que agradeço! Pra quem quiser ouvir os trampos e se identificar e quiser fazer uma parceria no que diz respeito a beats ou rimas, mande um email para: [email protected]

Sons do grupo Q.I. Alforria: https://soundcloud.com/q-i-alforria
Sons pela gravadora South2East Recordz: https://soundcloud.com/ticoproriginal

E-mail para contato sobre shows: [email protected]

Chegamos ao fim de mais uma entrevista, espero que tenha sido interessante pra vocês, tanto aos que já conheciam, quanto aos que conheceram agora o trabalho do Rocha Miranda!

Por: Érika Dionísio

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