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sexta-feira, julho 26, 2024

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Zudizilla encerra a trilogia de Ópera Preta “Zulu: Quarta Parede (Vol. 3)” 

Um manifesto quase homérico sobre as etapas de uma pessoa preta para ter vivências e experiências dadas como “normais” em uma sociedade de extremo racismo. São essas as palavras usadas pelo rapper e beatmaker Zudizilla para definir “Zulu: Quarta Parede (Vol. 3)”, o terceiro e último álbum da trilogia de Zulu – ou Ópera Preta – que chega nas plataformas digitais na sexta-feira, dia 7 de julho. “Assim, Zulu reivindica seu lugar de humano e não mais do personagem”, diz.

Com feats com Fúria, Don L, Galo de Luta, Melly, Luedji Luna, Paula Lima, Lino Krizz, YOÙN e Tuyo, o álbum “Zulu: Quarta Parede (Vol. 3)” apresenta um universo denso do jazz, além das habilidades do artista enquanto letrista do rap mais clássicos. “Como rapper e beatmaker eu venho testando coisas há muito tempo. Nesse trabalho eu tenho maturidade e experiência para trazer a banda que me acompanha, junto de meus beats e dos parceiros que estão presentes no projeto. Aconteceu tudo de forma muito natural”, comenta Zudi sobre a produção musical e os resultados finais das faixas.

Ao defender sua arte como única, Zudizilla reforça que o terceiro álbum é também resultado dos outros dois lançados anteriormente, mas entre diversas curiosidades uma delas é que quase todas as músicas dos três discos foram escritas de uma só vez e já estavam prontas no fim de 2017. “É importante entender que eu não tento ser atemporal. Meu som tem no seu cerne a quebra do tempo e é isso que a trilogia comprova. Eu construí uma obra completa e a dividi em três partes que sintetizam a narrativa de Zulu”, conta. “Sinto que este álbum é o mais próximo do mundo e o que está saindo do mais profundo eu”, complementa Zudi.

A narrativa de Zudizilla se desenvolve a partir de suas experiências em um corpo de um homem negro e como isso afeta seus sonhos e possibilidades desde sempre. No vol. 1, o artista apresenta faixas sobre os sonhos e a chance de sempre perdê-los. Já no vol. 2, ele traz a luta para alcançar o poder de qualquer forma porque é só assim que vai conseguir respeito e resolver os problemas: “a partir do dinheiro, que é a moeda que vale almas”. No terceiro e derradeiro episódio, Zulu se vê pai, traumatizado, ainda sonhador, ora com dinheiro e poder que não o protegem e nem lhe proporcionam segurança e nem acesso, ora com raiva, mas com uma vontade imensa da de dizer pro mundo “eu quero ser comum”.

Zulu não tem fim, mas continuar falando sobre ele é girar parafuso no mesmo furo sem chegar a lugar algum, já que daqui pra frente esse espírito vive no imaginário. E imaginemos que ele conseguiu ser normal, e quando digo normal eu me refiro a passagem da track ALVO que diz, meu melhor momento em vida me tornou o mais perfeito alvo”, comenta o artista se referindo a um episódio recente de abordagem policial enquanto buscava uma casa para viver em um bairro nobre. Além de “Alvo”, a faixa “HER” também foi escrita no processo de criação do vol. 3. Na música que faz referência ao filme de Spike Jonze, o artista usa inteligência artificial para emular a voz de uma terapeuta que respondem às suas reflexões e questionamentos ao longo da track.

Com muita pesquisa e admiração pelo cinema, Zudizilla afirma que se inspira na trilogia de vingança do diretor Park Chan-Wook, mas que no seu caso não repete a narrativa e os álbuns funcionam como três produções independentes da trama. “Especificamente para esse terceiro volume, tenho Birdman como referência e a linha de cinema de “hiper realismo” de Gaspar Noé, Gus Van Sant, Larry Clark, Spike Lee, John Singleton. Eles são diretores que te colocam no filme de uma forma muito sutil ao usarem pessoas reais para interpretar papéis que são quase que a reprodução de suas vidas”, reflete.

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