Em 2016, muitos artistas do rap tentaram matar o hip hop, mas, como nos anos anteriores, seus “likes”, suas polêmicas, suas atitudes reacionárias, seus posts pagos e impulsionamentos forjados não conseguiram deter o crescimento da cultura de rua no solo fértil habitado por MCs que não viraram as costas para a essência desse movimento.
A força do mainstream norte-americano faz com que o rap viva numa época em que a criatividade está totalmente ligada ao poder de copiar, de repetir, como num loop de autoengano. Muitos são os culpados, pois artistas, produtores, beatmakers e blogueiros não veem outra alternativa que não seja seguir o fluxo apenas, pegam carona na popularidade que certas cenas têm. Como sabemos, todos precisam pagar suas contas, mas já deu pra perceber que fazer mais do mesmo não é garantia de lucro para todos os artistas, 2016 também provou isso.
Essência, raiz, cultura, ancestralidade, palavras repetidas por milhares de artistas, rimadas em diversas tracks, mas pouco entendidas e vividas. Sempre foi assim, para o mal ou para o bem.
RELIGAÇÃO
O passado sempre está presente no futuro. Esse é o título do disco de Substantial, artista da Virginia (EUA). “The Past Is Always Presente In The Future” foi lançado no início de 2017 (06/janeiro), mas remete ao clima da golden era, com beats cheios de camadas de soul e jazz. Substantial faz um rap consistente que não despreza a rima. O MC – que produziu, mixou e masterizou seu disco – faz parte do time que é alternativa ao universo que celebra o fútil como régua para a qualidade musical.
Num ambiente onde rappers disfarçam suas deficiências líricas com instrumentais repletos de pirotecnia, “The Past Is Always Present In The Future” coloca o papel do MC – o solista que busca superação e respeita o processo criativo – em primeiro lugar. O disco tem participações de Cise Starr, See King, Greespan, Marcus D, Wayne, entre outros rappers que moram abaixo da linha do mainstream.
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