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segunda-feira, abril 29, 2024

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“Vou Pelos Becos”: Festival Pangeia lança videoclipe do artista James Bantu

Idealizado para fomentar artistas da periferia e expandir as fronteiras regionais, a 3ª Edição do Festival Cultural Pangeia, com o tema “Conexão Américas e África”, promove uma parceria com o cantor James Bantu, com a gravação da música e a produção do videoclipe de “Vou Pelos Becos”, uma referência das quebradas da zona sul de São Paulo. A música chega nas principais plataformas digitais e o lançamento oficial do videoclipe no dia seguinte às 20h no YouTube do festival. Já o documentário “Se Pá” tem previsão de estreia no final do mês.

James é um artista com forte ligação com suas raízes, sua comunidade e as pessoas que lá convive. Ele criou a música observando as “tretas” e as movimentações que aconteciam no beco da casa de sua mãe, localizado no bairro da Vila Missionária, Zona Sul de São Paulo, na época em que morava com ela. “Eu fiz a música inspirado em minha experiência enquanto jovem preto periférico, que habita e reconhece a vida em um território tido como marginal. Cresci atravessando becos e vielas, sabendo que vidas pretas moram, vivem e sobrevivem nesses espaços que formam encruzilhadas que cruzam nosso cotidiano e são lidos ou retratados como laboratórios de pesquisa acadêmica. Ver as pessoas que vivem e passam por esses becos, trabalhando nessa construção mexeu comigo. É a concretização do que imaginava”, conta emocionado.

Procurei a música nas plataformas digitais e não a encontrei. Foi quando soube que ela não tinha sido gravada e somente apresentada nos shows, nesse momento surgiu a ideia de fazer uma gravação profissional dela. Fui dormir com a letra na cabeça e comecei a sonhar com as cenas de cada passagem, quando acordei liguei para o James e disse: Vamos fazer um videoclipe?”, conta Priscila Magalhães, produtora do festival e diretora do filme.

Parceira do Festival, desde a primeira edição do FIC Pangeia (Festival Internacional de Curtas Pangeia), o selo musical Play Lab foi responsável pela produção. André Minnassian, produtor executivo, abraçou o projeto assim que ouviu a música e assumiu a direção musical. “Nesse processo realizamos diversas reuniões para que eu pudesse traduzir o sentimento que ele coloca na composição. Então, todo o processo criativo foi tocado remotamente com compartilhamento de ideias ao longo do trabalho, para, finalmente gravar de forma presencial. O James é dono de uma poesia muito forte. Me senti realizado em poder trabalhar com ele e fazer parte de um projeto, no qual a qualidade artística e a dedicação das pessoas são mais importantes do que o investimento financeiro.” revela André.

Por que gravar o videoclipe

A história de vida do artista se assemelha com o propósito do festival, que é a conexão entre povos pretos e periféricos dos dois continentes, que sofrem as desigualdades sociais no dia a dia e que usam de sua arte como forma de resistência. “Andar pelos becos daqui e gravar neles, movimentar a quebrada e transitar novamente ressignificando essa experiência, trazendo à tona muitas lembranças de vários momentos diferentes. Foi um presente!” conta Pri Magalhães.

Mostrar essa realidade para além dos muros e revelar um pouco do dia a dia dos próprios integrantes do coletivo MisturArte foi um dos motivos que levou a equipe do projeto a gravar na Vila Missionária. “Desde o início foi um grande desafio repensar e adaptar o projeto a nova realidade com a pandemia da Covid-19, para a produção da música e do videoclipe não foi diferente, mas tomamos todos os cuidados necessários para que tudo corresse bem. O trabalho desenvolvido em rede ficou ainda mais evidente quando contamos com uma equipe parceira e atores, em grande maioria, moradores de bairros da Cidade Ademar. Foi um ponto muito importante no processo e foi a forma que encontramos de fomentar o trabalho de artistas e produtores da periferia, nesse momento tão delicado em que vivemos”, conta Pauliana Reis, diretora do Festival e Platô do filme.

Filho de mãe paulistana e pai nascido na Guiana, Bantu cresceu pelos becos da comunidade e vielas dos bairros da zona sul de São Paulo e desde jovem já demonstrava seu interesse pela arte, primeiro com a dança e depois com as palavras, para se tornar um artista referência e levar a cultura da periferia para outros lugares. Com voz suave e um hip hop melódico, suas letras retratam a realidade da periferia com críticas sociais que chegam aos ouvidos de forma arrebatadora e reflexiva. “Vou pelos becos se pá desapareço, vou pelos becos se pá não tenho medo”, diz o refrão da música.

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