domingo, dezembro 1, 2024

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Vivências, criticas, denúncias e amor em “Músico Vol. 1”, álbum de estreia de Estrofe Mc

Fechando o ano com os dois pés na porta, “Músico Vol. 1” é o primeiro álbum de estúdio de Estrofe MC, artista do interior paulista que vem colocando seu nome na cena no decorrer de todo o ano de 2020. Após alguns singles, clipes e o lançamento de um EP em Junho, o artista apresenta um álbum de estreia maduro e sagaz, produzido por Moonhbeat’s e Virttz.

Lançado no dia de seu aniversário, “Músico Vol. 1” mescla boombap, trap e drill no decorrer de suas 14 faixas, em que mostram firmeza nas letras que abordam vivências, críticas, denúncias, ambições e sentimentos. Como o próprio Mc traz no refrão da primeira faixa, intitulada “Sujera”, é um trabalho “pra quem curte som de maloqueiro, pra quem curte rap de verdade!”.

A ideia principal foi explorar algumas vertentes mostrando como o rap é musical, e quebrar de vez a ideia de algumas pessoas de que o rap não pode ser musical devido à estrutura do gênero. O que eu quis transmitir é isso, rap é música.”, afirma.

Explorando várias vertentes, a faixa “Show do Palhaço”, por exemplo, é um drill onde o artista cita os “comédia do rap”, como ele mesmo canta sem receio. Fruto de batalhas de rimas da cidade de Bauru, das quais costuma ser campeão, Estrofe faz uso da sagacidade que construiu no freestyle na rua com a lírica que segue o álbum para fazer críticas pontuais à cena atual. 

Algumas faixas à frente, em “Nego Bala”, Estrofe traz a vivência do jovem negro que trabalha durante a semana e faz seu rolê bem vestido no sábado, para curtir com os amigos do lado. A música é uma melodia dançante e gostosa que envolve quem escuta e pega de surpresa num final não tão feliz: “a barca apagada meteu bala no nego bala”. uma crítica ao estado que mata jovens negros diariamente promovendo o genocídio da população. “Eu queria falar sobre isso, mas de uma forma que ninguém disse ainda. Decidi contar uma história, assim como os Griots.”, comenta Estrofe.

A partir daí, a vibe do álbum muda e apresenta um MC maduro e sem medo de abordar seus sentimentos. A narrativa mostra a complexidade não só do artista Estrofe mas do jovem Wesley, que expressa com maturidade experiências da sua vida: na correria, nas batalhas de rimas, no palco e no amor – por pessoas e pela música. 

Escrito, produzido e lançado durante a pandemia, o álbum de estreia marca o começo de um novo ciclo para o artista. Na última faixa, que dá o nome ao disco, o artista agradece por ser músico e exercitar o músculo da arte. 

Foi demais para mim e creio que para o MoonhBeat’s, produtor, que mergulhou comigo em todo o processo. Foi bom demais tirar algo dessa situação caótica que o mundo vive. Para mim foi também um tempo de reflexão e estudo, nesse álbum fizemos músicas com vertentes do rap que eu nunca havia feito e nem imaginava fazer. Espero ter entregado música de qualidade e que o público que já me acompanhava esteja satisfeito com o resultado. Espero também conquistar o respeito de quem não conhecia meu trabalho”.

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