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quinta-feira, abril 18, 2024

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Rapper e ator Nick Cannon abandona o programa America’s Got Talent após problematizar situação de racismo

O rapper e ator Nick Cannon era um dos apresentadores do programa “America’s Got Talent”, no canal NBC, desde 2006. Além da carreira musical e de seu papel no programa, Cannon começou recentemente a interpretar uma peça teatral cômica chamada “Stand Up, Don’t Shoot” onde, entre outros temas, ironiza e problematiza várias situações de racismo que acontecem aos cidadãos negros dos EUA.

Em um post recent no Facebook, porém, Cannon disse que após fazer uma piada com o  “America’s Got Talent” na peça, a produção do programa começou a pensar na possibilidade de demití-lo de forma que o ambiente de trabalho tornou-se muito estressante, o que levou o próprio ator a pedir demissão. Até o momento, a direção do programa ainda não se pronunciou publicamente sobre o acontecido.

Confira o texto de Cannon, traduzido, na íntegra:
Eu escrevo isto me sentindo muito triste e com dor. Depois de deliberar dias sobre as notícias desanimadoras de que eu estava sendo ameaçado de ser demitido por executivos por conta de um programa especial de comédia que só tinha como objetivo juntar nossas comunidades, descobri que eu estava sendo punido por conta de uma piada. Isso pesou muito no meu espírito.  Me disseram que a NBC acredita que eu quebrei o contrato com eles por ter menosprezado sua marca. Em minha defesa, eu perguntaria: como assim? Ou isso é apenas outra forma de silenciar e controlar uma voz franca que frequentemente luta contra o que está estabelecido?

Recentemente, muitos de meus mentores me avisaram que, em pouco tempo, o “Sistema” viria me pegar por que eu estava falando muitas verdades e fazendo muito barulho com isso. Eu jamais imaginaria que isso aconteceria tão próximo a mim. Eu me encontrei em uma situação terrível onde tive que fazer uma decisão que eu desejaria nunca ter que fazer. Mas como homem, como artista, como a voz da comunidade: eu não serei silenciado, controlado ou tratado como propriedade. Não existe dinheiro que compre minha dignidade ou integridade. Eu amei apresentar o America’s Got Talent pelas últimas 8 temporadas assistindo americanos talentosos e corajosos seguirem seus sonhos na frente de milhões de pessoas e tudo isso me trouxe nada além de prazer. E foi ótimo poder trabalhar com todos da equipe. Mas minha alma não me permite fazer parte de um negócio envolvendo corporações que tentam exterminar a liberdade de expressão, censurar artistas e questionar escolhas culturais.

Não quero ser tão detalhista, mas não é a primeira vez em que executivos tentam “me colocar no meu lugar” por ações indisciplinadas. Eu não apoiarei isso. Meus princípios morais não aceitam isso, mesmo com os milhões de dólares que eles chacoalham sobre a minha cabeça. Para mim, nunca se tratou de dinheiro: o que é difícil abandonar são os fãs, as pessoas que me amam no programa. Isso me machuca demais. Eu sentia como se fizesse parte da grande fábrica da nossa nação onde, em todo verão, representavam-se todas as culturas, idades, gêneros e origens demográficas.

Agora, porém, puxarem meu tapete e publicamente me reprimirem e ridicularizarem por conta de uma piada envolvendo minha própria raça é algo completamente errado e eu preciso fazer algo a respeito disso. Já lutei muitas batalhas na minha carreira e nunca tive medo de lutar contra o sistema. Eu pensei muito sobre o meu processo durante vários dias e achei melhor, mais uma vez, falar o que penso sobre a infraestrutura injusta e que ameaçam talentos como se os pertencesse. Talvez tenha sido um erro meu assinar o contrato, para começo de conversa, no qual eu fui disse que assumiria total responsabilidade sobre a demissão e tomaria medidas para reestruturar a minha própria equipe de consultores.

Agora preciso seguir minha jornada de liberdade como artista. Como disse em uma recente entrevista, “Você não pode demitir um patrão” e essa é a essência que estou incorporando agora. Então eu desejo o melhor ao America’s Got Talent e à NBC nessa nova temporada do programa, mas eu não me vejo voltando já que recentemente eu tenho me questionado se eu quero realmente fazer parte de uma indústria que recentemente tem tratado os artistas dessa maneira. Muitos de nós não entendem que existem 6 grandes corporações que cuidam de 90% da mídia na América e a quantidade de executivos que fazem parte de alguma minoria é pequena. Nesse caso, a real igualdade na nossa indústria é impossível!

Sempre haverá uma mentalidade do tipo “Faça como eu digo” que reflete a percepção da sociedade a respeito das mulheres e das minorias e apenas poucas pessoas irão protestar contra isso. Com orgulho, eu me identifico como uma dessas poucas pessoas e, com alegria, aguentarei toda repercussão que isso irá causar. Eu amo a arte e o entretenimento demais para ver tudo isso ser arruinado por corporações e grandes empresas. Acredito que é nosso dever, como artistas, fazer a diferença e criar mudanças mesmo que seja uma ação de cada vez. Como disse o Dr. [Martin LutherKing: “Nossas vidas começam a acabar no dia em que nós nos silenciamos sobre as coisas que importam””.

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