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quinta-feira, abril 25, 2024

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Pernambucana Bell Puã estreia no Rap com clipe “Dale”

O Nordeste apresenta mais um nome para o Brasil. A poeta pernambucana Bell Puã faz sua estreia no Rap com a música “Dale”. O primeiro single da artista, que dá o pontapé inicial à sua carreira na música, chega acompanhado por um clipe roteirizado pela artista e que tem como pano de fundo temas como o empoderamento do povo negro, especialmente das mulheres negras. A música já está disponível nas principais plataformas de streaming e o clipe pode ser conferido no canal da cantora no YouTube.

Bell Puã é uma das principais representantes da poesia marginal brasileira. Com mestrado em História e dois livros autorais lançados, a artista, que conquistou o 1º lugar do Campeonato Nacional de Poesia Falada SLAM BR  2017, leva para a música as referências que sempre marcaram seus versos recitados. A imersão em outra linguagem artística revela uma Bell ainda mais criativa e sintonizada com a força da expressão de sua arte. “Tem sido um desafio grande. Trabalhar com a música é dar melodia, fluidez para os versos de minhas poesias, algo que demanda bastante estudo, já que, apesar de conversarem, a música e a literatura são áreas que funcionam de formas bem distintas”, comenta.  

Produzida pelo produtor musical Magno Brito, no estúdio Câmbio Sonoro, “Dale” marca a estreia de Bell no Rap e tem  produção executiva assinada pela Bola 1 Produção, que a artista integra ao lado dos produtores Edua Gomes e Rodrigo Ramos. O projeto tecido desde o início do ano carrega uma sonoridade no melhor estilo Trap e revela as referências que influenciaram a cantora ao longo de sua vida.

Minhas influências musicais paternas passam pela Bossa Nova, MPB, o Baião, enquanto que por parte da minha mãe carioca, aprendi a ouvir o Samba, Funk, Pagode e ícones Pops como Michael Jackson. Mas o Rap é a minha escola, é onde mais me sinto em casa na música. Sempre ouvindo sobre injustiças, deboches e afrontas com o povo preto que tanto gostaria de dizer. Escolhi, com o Rap, dizer também”, pontua a artista, que adotou “Maga” como pseudônimo. 

Clipe tem produção protagonizada por pretos e pretas

Ganho meu espaço nem que seja na marra. Quem antes jogava pedra na neguinha, agora é ‘abaixa que lá vem pedrada’”. A falta de representatividade na mídia e o espaço conquistado pelas artistas negras estão entre os motes do clipe que foi todo ambientado no Litoral Sul de Pernambuco. A maior parte das imagens foram filmadas no mangue da praia de Maracaípe, elemento importante na construção da narrativa do vídeo, que contou com direção de arte de Bell, do coletivo audiovisual SubversoLab, também responsáveis pela direção de fotografia e edição do clipe.

Se aventurando na estética do Trap, Bell construiu versos que evocam referências como o Mangue Beat, o rapper Sabotage e o movimento Slam das Minas PE, que é representado pelas poetas Patrícia Naia, Amanda Timóteo, Olga Universos e Cris Andrade. “A trajetória que construí na Literatura começou com minha aparição no Slam das Minas PE, em 2017, um momento em que estava cada vez mais descobrindo o universo do Hip Hop no Recife. Para mim, o Slam representa um quilombo onde me sinto nutrida do amor e da revolta que pulsa no meu povo”.

O vídeo de “Dale” também conta com as participações especiais da cantora, performer e dançarina não-binária Crys Mun há e da pequena Dora Buarque. “Acabou sendo também uma forma de gritar o tamanho do absurdo que é um país conservador como o Brasil, através de projetos cruéis como a PL 540 de 2020, querer tratar pessoas LGBTQIA+ como “ameaças às crianças”, pontua Bell. Moda sustentável foi outra pauta importante que acabou sendo tocada na produção graças à contribuição do brechó Cabroch4as, que assina o figurino. Maria Gabrielly Dantas e Julia Mattos produziram tudo a baixo custo, a exemplo da roupa da “Maga”, feita de tecido tule. A maior parte dos acessórios foram feitos a partir de material reciclado.

A equipe envolvida em todo processo de produção do clipe é majoritariamente composta por pessoas negras. Para Bell, trabalhar com o time de profissionais conscientes do racismo estruturante da sociedade  foi uma forma de mostrar a força criativa do Nordeste. Encarnando a personagem “Maga”, Bell Puã reforça o valor místico das mulheres negras desta região do Brasil. “Somos magas do litoral, do mangue, do rio, da praia”, explica. “A autoestima e identidade pretas foram pensadas são referenciadas em versos, flows, cabelos, roupas, que destacam o poder que é a existência negra nesse país, apesar do genocídio, do racismo de cada dia”. A música e o clipe de “Dale” ficam disponíveis nas principais plataformas de streaming. 

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