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terça-feira, março 19, 2024

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Pandemia aumenta debate sobre royalties do streaming musical e artistas buscam alternativas mais rentáveis para seu trabalho

Com o surgimento e a expansão dos serviços de streaming de música, a indústria fonográfica e os profissionais do setor viveram uma grande transformação na forma como o seu trabalho é consumido e remunerado. O play no Spotify se tornou indicador, com métricas nem sempre justas, já que o streaming é sustentável para artistas pop cujas faixas são reproduzidas digitalmente milhões de vezes ao mês. Mas para músicos cuja carreira não é tão desenvolvida, o modelo pode ser desastroso.

E o debate sobre os royalties de streaming ganhou mais força com a pandemia, já que o isolamento social impulsionou o uso do serviço digital e muitos artistas cancelaram shows e turnês – perdendo assim a receita que vem com eles. 

A suspensão dos shows, que para muitos costumava ser a principal fonte de renda, tornou ainda maior a dependência dos artistas em relação à renda gerada pela música gravada. Sendo assim, a reivindicação por uma remuneração mais justa das plataformas, que já era uma realidade, se intensificou com a chegada da pandemia”, comenta João Luccas Caracas, CEO da gestora musical Adaggio.

Como são feitos os pagamentos via Streaming?

As empresas não costumam ser claras sobre a forma de pagamento dos artistas. Porém, no início do ano, uma das maiores plataformas do mercado de música digital lançou uma página para esclarecer como a receita gerada pela empresa é repassada aos cantores e compositores.

Um dos pontos mais relevantes é que o dinheiro não vai diretamente para os artistas. Ele chega nas mãos de quem possui os direitos sobre as músicas, isto é, gravadoras, distribuidoras e afins. A cada play, os detentores dos direitos recebem, portanto, uma fatia do valor arrecadado com a sua utilização (publicidade veiculada e assinaturas).

Os artistas e compositores escolhem os titulares dos seus direitos e os acordos sobre suas músicas, inclusive dando permissão para elas estarem nas plataformas de streamings. As plataformas fazem o pagamento a esses titulares e são eles que repassam ganhos aos artistas e compositores”, esclarece João.

Rendimentos antecipados

Hoje, entretanto, os artistas e compositores têm alternativas para aumentarem os ganhos com suas obras. Uma delas é a comercialização do catálogo musical, por meio de uma gestora musical, modelo já bastante difundido mundo afora, mas ainda recente no Brasil.

Basicamente, o artista cede o direito de receber royalties futuros em troca de uma liquidez imediata, ou seja, uma antecipação de recebimentos, para investir como bem entender. A gestora musical trabalha esse catálogo para potencializar seus rendimentos e identificar novas oportunidades comerciais, diminuindo assim a dependência da monetização via plataformas de streaming”, explica o CEO.

No Brasil, a Adaggio é o primeiro fundo de investimento especializado na aquisição de catálogos musicais. Em 2021, a empresa já alocou 40% do capital levantado e está fazendo diligência em 60 catálogos que, juntos, valem cerca de R$ 250 milhões. Fazem parte do portfólio da empresa nomes como Jorge Aragão, Délcio Luiz, Dado Villa-Lobos, Toni Garrido, Danilo Caymmi, Dinho, do Mamonas Assassinas, entre outros grandes artistas.

João reforça que, para além do aspecto financeiro da parceria com os cantores e compositores, a aquisição de catálogos musicais valoriza o trabalho dos artistas e fortalece a cultura do país – todo o portfólio da Adaggio é formado por composições nacionais. “A cada parceria fechada, além do imenso orgulho que sentimos em trabalhar os direitos autorais de artistas tão respeitados e consagrados, somos motivados a buscar também a valorização dessas obras e da cultura do país, pois conseguimos manter vivos grandes sucessos e aumentar o alcance dessas canções”.

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