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segunda-feira, abril 29, 2024

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Owerá, rapper indígena, lança doc com Criolo, Sonia Guajajara e Vincent Carelli, “Meu Sangue é Vermelho”

Os dados de crescimento da violência contra indígenas no Brasil são espantosos: até o início de 2020 o número de lideranças mortas em conflitos de campo foi o maior em pelo menos 11 anos, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Tendo como principal motivo a desapropriação de terras em favorecimento da expansão do agronegócio e pecuária – isso somado à ocorrência da pandemia de coronavirus, em que o potencial de morte para estes povos foi 16 vezes maior, a causa pela sobrevivência indígena é urgente, representada também pelas manifestações recentes no Congresso Nacional, em Brasília. Por isso a união da produtora britânica Needs Must Film com o rapper Owerá, da tribo brasileira Guarani M’bya, foi importante: por meio dela lançam o documentário “Meu Sangue é Vermelho”, que mostra ao mundo a realidade de indígenas brasileiros.

O roadmovie leva Owerá em uma peregrinação por comunidades indígenas dos estados de Mato do Grosso do Sul e Maranhão para dar voz aos seus líderes e mostrar como vivem, também as injustiças sociais que sofrem – e que grande parte do Brasil desconhece. Ao mesmo tempo, o filme é também um registro da jornada de Owerá como músico, que traz sua história e as vivências do documentário traduzidas nas letras de rap para gerar conscientização.

Inspirado e incentivado por Criolo, com quem desenvolve uma bela relação no decorrer do filme, Owerá é ainda orientado por líderes como a carismática Sonia Guajajara, o sábio e gentil Inaldo Gamela, e nos permite um entendimento mais profundo através da sabedoria de personalidades importantes como Vincent Carelli, antropólogo, indigenista e franco-brasileiro – idealizador do projeto Vídeo nas Aldeias.

Movido por letras e batidas, o filme mostra a violência brutal e o genocídio do qual esses povos são alvo; desapropriação de terras, levando alguns deles a viverem na beira de estradas; perda de identidade, que desencadeia depressão; a relação ancestral e com a natureza; desmatamento; e outros.  Momentos históricos também são abordados, como o protesto durante o acampamento Terra Livre no Congresso Nacional (DF), com cerca de 200 caixões simbolizando as mortes indígenas, e que foi duramente reprimida pela polícia. Este documentário é, então, sobre extermínio de pessoas e a resposta de um jovem músico sobre isso.

Meu Sangue é Vermelho” foi apresentado em diversos festivais internacionais durante o ano de 2020, onde recebeu 25 indicações a prêmios, levando 17 deles. Entre os destaques estão: Filme do Festival, no Festival de Nottingham (Nottingham, Reino Unido); Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora no Milestone Worldwide Film Festival (Battipaglia, Itália); Melhor Filme Ambiental e Melhor Documentário no Crown Wood International Film Festival (Kolkota, India); Melhor Filme no Buenos Aires International Film Festival (Buenos Aires, Argentina); Melhor Trilha Sonora no London Independent Film Awards (Londres, Reino Unido);  Melhor Documentário no Beyond the Curve International Film Festival (Paris, França); entre outros; além de méritos e menção honrosa no Twilight Tokyo Film Festival (Tokyo, Japão) e IndieFEST Film Awards (Califórnia, EUA).

No Brasil, “Meu Sangue é Vermelho” lançado dia 24 de setembro, na plataforma VIMEO, para democratizar o acesso e incentivar o conhecimento sobre a causa indígena para todo país.

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