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quinta-feira, abril 18, 2024

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O Rap como Expressão Artistica e Politica!!!

Os rappers são conhecidos como MC – Mestre de Cerimônia e desenvolvem a música RAP – Ritmo e Poesia. Através destas proporcionam reflexões, críticas, informação, conhecimento e até mesmo posicionamentos capazes de efetivar transformações.

A música é também um facilitador de comunicação, pois era assim que os escravos negros a utilizavam para se comunicar e expressar suas condições desiguais e de subalternidade. Embora muitas vezes fossem analfabetos nas línguas dos países devido às mudanças, eles tinham em sua tradição oral, a música como forma de comunicação e memória passada de geração a geração.

Em muitas culturas, permanece a tradição dos griots , responsáveis por narrar a história e a cultura dos seus povos, peregrinando pelas aldeias, levando notícias e memórias, quer faladas, quer cantadas.

A música originada pelos negros espalhou-se pelo mundo e também influenciou ritmos musicais.

Por esse motivo, é de fundamental importância fazer um histórico sobre a gênese da música afro-descendente e da cultura hip hop, que remota desde os griots africanos, à diáspora, à Jamaica e aos Estados Unidos, para que possamos refletir acerca dos possíveis alcances e limites dessa cultura priorizando um olhar sobre a música rap. Na diáspora escravista, espalhou-se o negro pelo mundo na condição de escravo e, com ele, sua cultura e a música a ela inerente, que nunca deixou de existir e em fusões com culturas locais que vêm transformando o panorama musical do planeta.

Pela música os negros contavam suas histórias, sejam elas de amor, de sofrimento, das viagens, saudades, angústias, sonhos pela liberdade e sentimentos. Sendo assim a música é um dos meios que possibilitou expressar o que estavam vivenciando, e assim é o Rap que através de suas letras contam a vivência cotidiana.

A música afro no Brasil, conforme a história, originou-se nas senzalas exatamente nos campos de plantações da cana- de – açúcar, e com os cultos africanos a percussão introduziu-se na música brasileira, esta que também têm influências européias junto da música popular brasileira.

Taís influências significou a ampliação e a diversidade de ritmos à música brasileira. Porém, tanto a música como as demais formas de organização das culturas populares encontraram resistências pela elite desde o início da república. Para elas, as práticas socioculturais dos afro-descendentes manchavam o ambiente paulistano de tal modo que “prejudicavam” o Brasil aos olhos da civilização moderna.

Este fato não impediu no decorrer dos anos, que a cultura afro brasileira passasse a se expandir nas periferias das metrópoles brasileiras pela música, dança, pintura, vestimenta, comida, dentre outros.

Com o Rap e a cultura Hip Hop não foi diferente, pois além de terem sido bastante discriminados, tinham cada vez mais números de seguidores aderindo das ruas e periferias.

Contudo ao manifestar-se pelo Brasil, o Hip Hop e o próprio movimento black passaram a movimentar o mercado, o consumo e a produção cultural que proporcionou sua mercadorização e divulgação pelos jovens. Neste momento ocorre movimentações de músicos, gravações, rádios comunitárias, que difundem a cultura Hip Hop, provocando seu auto desenvolvimento sem contar com veículos da mídia. Este fato ocorre até mesmo nos dias de hoje, porém hoje se conta com meios vinculados a Internet, revistas, atividades ou eventos construídos pelos próprios autores do Hip Hop ou mesmo alguns representantes na mídia.

O rap mesmo nascido e cantado desde a década de 80 ainda tem em suas letras questões como discriminações raciais, pobreza, violência policial, desigualdade, entre outras questões que permeiam a sociedade, embora hoje com sua expansão e consolidação apresenta também outras formas de expressão que dizem respeito ao lazer, ao cotidiano, ao amor e ao dinheiro.

Mas sua aproximação e referência às lutas sociais, como lutas pelos direitos civis e sociais, seguido pela vinculação de suas origens alimentadas por lideres negros que simbolizam a luta por direitos, especificadamente dos negros, Malcom X, Martin Luther King e Zumbi dos Palmares são referencias não só americanos como também brasileiros.

O rap no decorrer de sua história reforça sua voz de questionar a sociedade e através de suas mensagens tem atingindo um grande público, fazendo com que muitos jovens se identifiquem com as questões apresentadas.

O artista ocupa uma posição destacada em relação as questões sociais porque veicula mensagens que passam simultaneamente pelo intelecto e pela emoção, de tal modo que as produções artísticas que possuem mensagens políticas costumam ser, muitas vezes , mais rapidamente compreendidos e incorporadas pelos grupos aos quais se dirigem do que os discursos intelectuais a respeito dos mesmos temas. E os rappers têm logrado êxito.

De certa forma é um gênero livre, seu modo é feito em ritmo e poesia, a maneira é a rima usada, não sendo uma regra, mas as letras são feitas por trechos, textos sem repartições sem ou com refrões. Na maioria das vezes é possível identificar nas músicas que o próprio refrão costuma ser o tema da música, porém não significa ser um padrão, até mesmo se pararmos para ler ou ouvir uma letra de rap, nos depararemos com histórias construídas com rimas, ou seja, relatos do próprio cotidiano.

Sobre uma base musical sampleada pelo DJ, o rap narra crônicas e epopéias para um público que, por viver em condições semelhantes às do MC, ou por ter uma visão crítica da realidade, compreende, se identifica e propaga essas mensagens.

Trazem em suas músicas contornos da realidade social das cidades, principalmente da periferia, tais como: morte, drogas, juventude, deliquência, violência policial, crimes, assaltos, cadeia, mães, sonhos, prostituição, pobreza e desigualdade social.

Ao narrarem a realidade é natural que o ouvinte pare para refletir sobre o relato que o rapper expressa, até mesmo quando estes fazem o primeiro contato com a letra, pois são significantes no cotidiano de quem ouve.

A rima é bem feita
Você se identifica
A pancada é muito louca
Que te hipnotiza
Isso aqui é rap se você não ta ligado
Hipnotiza as minas e deixa os loucos alucinados
Louco, louco, louco
Não é petiche se vem acelerando eu chego a 120
Isso aqui é o começo truta quero mais
JR Vigilantes na corrida pela paz
E quem podia imaginar
Que isso fosse acontecer
Os doidão ia colar e ninguém ia poder
E o mundão pra superar
Louco pra conquistar
A cena foi tomada a favela ta no ar.

(Trecho da musica “A voz do ABC” do grupo Vigilantes Mc’s)

Com a mediação do rap os jovens expressam e descrevem suas experiências, situações ou algo que vivenciam no decorrer de suas vidas, como ainda na maioria das vezes as letras de rap transmitem um conselho, ou uma manifestação como meio de alertar a quem ouve, passando assim suas mensagem através de rimas. Posicionam desabafos, pensamentos, ideais que questionam os padrões de classe social e condição econômica da sociedade, e defendem como principal preceito a crítica ao “sistema”.

Desta maneira, direcionam crítica a burguesia, ao governo ou Estado e autoridades conforme aponta. Estes incentivam e reafirmam ainda a possibilidade do rap como instrumento de luta na medida em que as letras transmitem e possibilitam um posicionamento de caráter político.

É possível também visualizar nas letras de rap, ideias poéticas com aspectos que possibilitam refletir sobre: vida, amor, felicidade, ou seja, relatos que transmitem afeto, como também ideias que reproduzem a lógica do capital.

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