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quinta-feira, abril 18, 2024

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Nujabes: a lenda desconhecida do Lo-Fi Hip Hop

Quando se trata de lendas musicais desconhecidas, elas não ficam mais talentosas do que Nujabes. Fundador de uma gravadora, dono de uma loja de discos e pioneiro do Lo-Fi Hip Hop, é difícil imaginar como seria a cena underground sem seus esforços. Embora um pouco mais evasivo do que muitos outros ícones do rap do passado, há um pouco para aprender sobre esse produtor para o gênero.

O verdadeiro nome do DJ nascido em Tóquio era Jun Seba, no entanto, como nome artístico ele adotou o nome Nujabes, que é apenas seu nome escrito ao contrário. Durante seus 20 anos, ele deixou sua marca na cena hip hop japonesa não apenas por meio de seus lançamentos, mas também por ser um empresário experiente. Ele era o proprietário de duas lojas de discos baseadas em Shibuya, T Records e Guinness Records, e em 1998 fundou a gravadora independente Hydeout Productions, que apresentava ao mundo as lendas locais como Uyama Hiroto e talentos gringos como Emancipator.

Durante sua carreira musical, ele trouxe muito do que estava acontecendo em Tóquio para o mundo underground dos Estados Unidos e do Reino Unido através de collabs com artistas americanos como Fat Jon e CL Smooth, e também com o rapper inglês Funky DL.

Embora em termos de influência do mainstream, possa ser um pouco difícil definir onde Nujabes se coloca, ao discutir a evolução de suas produções, ele definitivamente deixou sua marca, não importa o quão discreto tenha sido sua chegada. Um pioneiro da cena “chill hop”, Nujabes combinou influências do jazz e uma produção descontraída para criar seus beats. Essa combinação da musicalidade do velho mundo com as ideologias mais avançadas, ou seja, ele misturou com maestria o melhor do antigo com a atmosfera e expansão de novos limites. 

Nascido no mesmo dia que o lendário ícone do rap americano J Dilla (7 de fevereiro de 1974), ambos os produtores foram frequentemente conectados e seguiram trajetórias de carreira semelhantes. Concentrando-se nas produções diferenciadas durante o começo do gênero, nenhum dos nomes realmente recebeu elogios do mainstream até depois de suas mortes prematuras (ambos faleceram em fevereiro).

O que é incrível é que Nujabes lançou apenas dois álbuns de estúdio durante sua vida, “Metaphorical Music” de 2003 e “Modal Soul” em 2005. No entanto, um terceiro LP “Spiritual State” foi lançado em 2011, após sua morte. Apesar de ser um produtor bastante prolífico, ele deixou alguns trabalhos inéditos e inacabados, muitos dos quais agora estão flutuando na internet e em compilações como Luv (sic) Hexalogy 2015 e “Modal Soul Classics II” 2010.

Uma de suas obras mais marcantes é a trilha sonora da série cult Samurai Champloo (Referência: Se você pesquisar “Lo-Fi Hip Hop” no site, você será saudado com um monte de transmissões ao vivo com miniaturas de anime). Desenvolvida pelo estúdio de animação Manglobe, esta série foi uma mistura única de hip hop (rap, grafite e rua), mas com samurais vivendo na era feudal no Japão. Embora pareça uma combinação improvável, funcionou e se tornou um grande sucesso no estilo indie. 

Aliás, você conhece a história da menina que estuda, durante horas nas lives? Ou melhor, nas rádios on-line no YT. É interessante destacar que a garota de anime “original” que estudava incansavelmente veio da Chillhop Music. O canal usou Yuki do Studio Shizu’s Wolf Children (2012). Mas depois de ser atingido por uma reivindicação de direitos autorais, a Chillhop Music retirou Yuki. Eles então voltaram com um novo, apresentando um guaxinim (sim, um guaxinim) de anime original.

Fique tranquilo, isso não acabou com o emprego das garotas de anime. O stream de ChilledCow, atualmente apresenta uma garota de anime usando fones de ouvido, estudando (incansavelmente também) em sua mesa. Tem outro que mostra uma garota de aparência semelhante deitada na cama com fones de ouvido. Outros canais também oferecem variações, como uma árvore sakura tremulando ao vento, ou um que apresenta um porquinho-da-índia fumando um baseado e segurando um tijolo… Mas, o que é mais interessante no Lo-Fi Hip Hop não é suas apresentações e sim a fórmula mágica de unir pessoas de diferentes gostos musicais, culturas e nacionalidades ao encontro do Rap.

Obrigado Nujabes! Graças à compartilhabilidade da internet, o legado deixado pelo produtor, é a maior acessibilidade da cultura japonesa para o público externo, o trabalho de Nujabes é indiscutivelmente mais influente  numa escala mais ampla hoje do que jamais foi durante sua vida. 

Seu trabalho inspirou artistas de todo o mundo, além de MC’s que contemplam suas batidas, hoje temos um vasto universo de novos produtores que apesar de o estilo musical criar em sua particularidade artistas desconhecidos, sim, o Lo-Fi continua sendo um estilo que esconde seus criadores. O gênero não liga para quem faz, como faz, ou se sua equipa é FL demo, Audacity ou ProTools ele é criado para o ouvinte, para a nostalgia de sua essência. A baixa fidelidade deixa isso tudo democrático, qualquer pessoa com mínimo de escola produtiva (re)cria sua track com um único objetivo, ou melhor, para seus objetivos: Estudar e relaxar.

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