Apostando na mistura de ritmos de origem africana com uma sonoridade mais contemporânea, a banda baiana CongaGroove lança o seu primeiro EP, “Mineápolis é Aqui”, em referência aos protestos contraa violência racial no mundo. Nascido de Candeias, na Bahia, o grupo incorporaem seu som diversos estilos como rap, eletrônico, dubstep, pagotrap, afrobeat eaté mesmo o arrocha, ritmo que nasceu na mesma cidade da maioria dosintegrantes.
Neste primeiro trabalho, a banda busca evidenciar a questão racial, destacando protestos e conscientização na faixa que dá nome ao EP, “Mineápolis é Aqui”. Além disso, o CongaGroove canta sobre empoderamento negro, como em “Reis e Rainhas de Black”, e entrega também músicas para o público ‘meterdança’, como “Vai Braba” e “Baile da Nova”, trazendo o pagodão baiano.
Segundo um dos vocalistas do grupo, Felipe Silva (Lippeh), 20 anos, as letras são uma grande preocupação da banda. “Podemos falar dediversão usando letras positivas. Queremos que as periferias possam seidentificar com o nosso som e ao mesmo tempo refletir sobre sua própriarealidade”.
Arrocha dofuturo
Surgida a pouco mais de um ano, o CongaGroove já tem ideiasmais amadurecidas sobre o que quer mostrar para o público baiano. Buscandoressignificar o arrocha, que sempre foi visto como “coisa de coroa”, os músicosconvidam a juventude para se sentir pertencida ao ritmo, que é repaginado comoutros elementos da música negra, como rock, eletrônico, rap e o pagodão.
A ideia dos jovens é trazer elementos do movimento estéticoe cultural afrofuturismo e cultura pop. Eles se somam ao novo e bem produtivo cenário da nova música baiana, onde se destacam nomes como Baiana System, Attooxxa, Afrocidade, Xênia França, Baco Exu do Blues e Luedji Luna, que já alcançaram o público nacional e internacional.
Ouça abaixo o EP “Mineápolis é Aqui”:
A ideia do CongaGroove surgiu a partir da união dos músicosda Região Metropolitana de Salvador que pensaram em fazer um som inovador e aomesmo tempo baseado nas raízes da região. O produtor musical e DJ MarveBigHead, por exemplo, tem como base a música eletrônica e o rock, sendo baterista da banda indie Ao Vento e já tendo lançado um EP pelo selo ItsNotALabelRecords do Canadá. Já o guitarrista Uzão, tocou na banda de hardcore DepraxeH.C. O vocalista Lippeh vem da cena rap e trap independente e o percussionista Frank foi aluno da Escola Rumpilezzinho, com passagens por bandas renomadas do pagode baiano.
“A música baiana está, mais uma vez, em um processo degrande transformação. Somos um povo muito inovador e criativo e assim como foicom o Tropicalismo e o Axé Music, esse é um grande momento para a músicabaiana. Nós, como somos de Candeias, queremos trazer a sonoridade do arrocha edo pagodão da região metropolitana e conectar essa base com o que há de maisinovador na cena musical do mundo”, destaca o DJ e produtor musical MarveBigHead.
Apesar de novo, o grupo já reúne importantes apresentações no currículo, como shows com a banda Um Toque Novo (do hit “Piririm PomPom”), Ilê Aiyê e Muzenza. Além disso, já se apresentou no evento UCSAL GameDay (da Universidade Católica do Salvador), Hub Salvador, teve um show completono Candeias Folia, durante o carnaval 2019, e fez participação no evento MadreMusic para cerca de 20 mil pessoas.