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terça-feira, março 19, 2024

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Grafites contam a história de São Miguel Paulista

Programação prevê o restauro do maior painel histórico de grafite do mundo, além de oficinas, workshops e apresentações artísticas no bairro de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Intervenção sociocultural faz parte do projeto Encontro das Culturas.

O bairro de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, terá sua história recontada e renovada pela arte urbana de dez grafiteiros, que estão restaurando um muro de 1 km de área na Avenida Doutor José Artur Nova.

A intervenção cultural, chamada de “Tribos de São Miguel”, é parte do projeto Encontro das Culturas, que tem por objetivo gerar oportunidades de renda a artistas do setor criativo do bairro no registro de sua própria história por meio do grafite, além de aproximar os moradores locais dessa cronologia e estimular o auto pertencimento e o desenvolvimento de atividades artísticas por meio de oficinas culturais gratuitas nas escolas da região. O projeto é fomentado pelo Pro-Mac (Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais) e tem patrocínio da Nitro Química e realização da Árvore Cultural e da LS Nogueira

O “maior painel histórico de grafite do mundo” segue cronologicamente a história do bairro, antes chamado de distrito Penha de França, formado a partir de três etnias indígenas, a chegada dos portugueses e os conflitos com as comunidades tradicionais, a migração nordestina e a imigração de japoneses, portugueses e israelenses e seu processo de desenvolvimento até se tornar um dos mais populosos de São Paulo, com mais de 370 mil segundo dados do IBGE de 2000.

Fizemos seis meses de pesquisa, entrevistamos moradores antigos, visitamos museus e o acervo da própria Nitro Química, empresa patrocinadora do projeto, que nasceu no bairro em 1935 e, por muitos anos, tinha seu apito como um “relógio” para a comunidade”, conta Edimilson Rozendo, pedagogo à frente da pesquisa histórica do projeto. “Também encontramos imagens de uma balsa que fazia a travessia de pessoas em uma época em que o rio Tietê era navegável, essa foi uma lembrança afetiva dos moradores antigos”, complementa o grafiteiro e arte-educador Manulo.

“Escolhemos o grafite para fomentar a arte de forma acessível e a céu aberto como um trabalho de ativismo que conta a história real do bairro, a partir de nossos povos originários, em uma timeline escrita e pintada que destaca vários estilos de grafite. Geramos renda aos artistas e suas famílias e aos fornecedores da região, além da divulgação de seus serviços. Para além do muro, também estimulamos a street art em oficinas e workshops nas escolas públicas; isso sem falar nas melhorias de zeladoria da avenida, que acaba se recuperando com a pintura de postes e calçadas e a limpeza dos canteiros”, explica Luan Flavio, coordenador do projeto.

As oficinas são dirigidas a estudantes do ensino fundamental ao médio e têm abordagens diferentes de acordo com o que está sendo aprendido em aula, de forma teórica e prática. Serão 120h de aulas práticas e teóricas de grafite e artes que contam com material incluso (tintas, pinceis, máscaras, apostila). Serão feitas após a entrega do muro, em agosto, com programação a ser anunciada em breve. “Muitos professores têm vindo nos procurar para apoiar o projeto e estimular a volta às aulas, que estão acontecendo presencialmente em até 30% de capacidade”, conta Rozendo.

Alexsandro Gomes dos Santos, o Chuk, tinha uns 15 anos quando o graffiti surgiu em sua vida e, desde então, nunca mais parou com a Arte Urbana. Hoje com 36, o artista e morador do bairro tem formação acadêmica em Artes Visuais e é Mestre em Políticas Públicas: “E pretendo continuar lecionando oficinas de arte para ajudar na formação de jovens que buscam entender sobre a cultura de rua”, conta.

Quando pequena, Jessica Cat curtia ver os muros grafitados pela rua. Foi só participar de uma oficina de graffiti em 2013 para se envolver no movimento. Ela também faz parte do Donas do Rolê, coletivo voltado para mulheres que visa mostrar a força feminina e seu empoderamentono Hip-Hop, nos discos (DJ), desenvolvendo artes nos muros (Graffiti), soltando a voz nos microfones (MCs), e o swing na dança (Break). “Recontar a história dos índios é uma enorme responsabilidade e alegria também, porque através da arte que estamos retratando, os moradores irão conhecer ainda mais a trajetória do bairro e se sentirem bem aqui”, pontua.

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