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quinta-feira, março 28, 2024

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Dö Mc fala sobre parceria entre Marechal e Costa Gold, hip hop e a importância de se manter a cultura viva

DÖ Mc [entrevista]
DÖ Mc [Fotografia: Jean Furquim]
Mc, produtor e arte educador, Dö Mc possui uma trajetória que mostra a importância de um rap com mensagem, o ZonaSuburbana foi até o Vale do Paraíba para saber o que este grande artista pensa sobre o atual momento do rap.

Em 2009, Dö Mc lançou seu primeiro trabalho solo, o EP “Váli-DÖ” e, em 2014, a mixtape “LUTA”. O Mc também é produtor e proprietário do estúdio Pura Rua.

Confira um bate papo especial com Dö Mc:

ZS – Você é conhecido por sempre mandar umas rimas conscientes, em uma de suas letras você reforça a importância disto. Você acha que o rap deve manter este caminho?

DÖ McNão só o Rap, mas a arte como um todo, acredito (e essa é uma opinião muito minha) que a arte provoca, e quem está por trás da arte deve saber o que provoca, pois tem total responsabilidade sobre isso. Por exemplo, eu sei que meu público são jovens em formação então cabe a mim pensar. Como vou contribuir pra essa formação? Eu ficaria extremamente envergonhado se visse algum fã tendo uma atitude errada com base no escutou do meu Rap.

ZS – Esta semana as redes sociais ficaram movimentadas por causa da parceria entre Marechal e Costa Gold. Alguns concordaram, outros não. Queremos saber o que pensa sobre isto.

DÖ McToda parceria, principalmente essa que une dois estilos diferentes são importantes, mas exige dos artistas muito cuidado, sou fã do Marechal e não escuto Costa Gold, e quando eu fui ouvir eu esperava uma conexão entre os dois estilos. Não foi o que eu vi, eu vi conexão entre o Luccas Carlos e o Costa Gold, mas entre os dois e o Marechal, não. Eles estão falando sobre o mesmo tema em cima da mesma batida, mas parece duas músicas diferentes. Eu sigo na máxima “não concordo com o que você diz, mas luto pelo direito de dizê-lo”, mas cabe a cada um decidir se o direito de se expressar está contribuindo ou oprimindo alguém. Recebo alguns convites para parceria, mas eu preciso ouvir o som da pessoa primeiro. É a partir disto que consigo identificar se minha contribuição vai ter algum retorno positivo, se eu sigo uma linha e o outro artista segue uma totalmente diferente, não me sinto a vontade de fechar. Ainda que a música seja dele, minha contribuição diz muito a respeito do que eu acredito. E não se trata da outra pessoa ter o estilo diferente do meu, estou falando de conteúdo, tem discursos que eu não concordo, então eu recuso. Mas novamente, esta é uma escolha minha e cada um precisa se sentir a vontade com suas escolhas.

ZS – O hip hop se mantém como uma cultura de resistência, foi assim que ele nasceu e assim se mantem. Como você vê pessoas inseridas na cultura se apropriando dela para retorno próprio sem querer contribuir?

DÖ McMinha resposta é curta pra essa questão. O tempo vai decidir tudo, o Hip Hop tem esse DNA de resistência, lá na frente vamos ver quem fica e quem sai, é um processo natural, não sou eu quem vai fazer a divisão do joio do trigo, a própria cultura faz isso, acredito nela e nas pessoas que lutam por ela.

ZS – O que você pensa sobre conteúdos machistas, racistas, homofóbicos, entre outras opressões dentro do rap? Qual recado você daria para as pessoas que continuam fazendo isto?

DÖ McPenso que essas pessoas deviam parar de ser assim na vida, mas principalmente no Rap. OK vocês viram os rappers estadunidense fazendo isso e como eles estão no topo da cadeia alimentar vocês “seguem o líder”, mas vocês esquecem que isso é abandono de opinião própria. E lembre-se esse mesmo hip hop que vocês usam pra legitimar seu preconceito já lutou e luta contra eles. Essa desculpa de que já “estava assim quando eu cheguei” ou “eu não inventei o jogo eu só jogo” é um desserviço pra humanidade. Se você está fazendo algo errado e tem consciência disso – e vocês tem! Mude, tenham mais compromisso com quem lota seus shows.

Mais informações acesse: www.facebook.com/domcoficial

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