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sábado, abril 20, 2024

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Diomedes Chinaski mostra que amar também é revolucionário em “24 Horas de Liberdade”

A música é a primeira faixa coproduzida pelo rapper pernambucano, ao lado de DK e DJ Bac.

O que você faria se tivesse apenas 24 horas de liberdade? A resposta de Diomedes Chinaski está no clipe que ele lança pouco antes do autoritarismo assumir o poder no país. O MC que colocou o Nordeste no topo do Rap nacional com a mixtape “Comunista Rico” encerra 2018 apostando no amor como fuga para os dias que virão.

O roteiro é assinado pela produtora Tássia Seabra, em parceria com Chinaski. Mais um projeto encabeçado pela Aqualtune Produções, coletivo e produtora de mulheres negras criado em Recife, capital pernambucana, com o intuito de dar visibilidade e profissionalizar artistas periféricos.

O clipe foi gravado em São Paulo, com produção audiovisual da Valete de Copas e atuação de Aline Tófalo.

Um apartamento no centro da capital paulista, um guerrilheiro em fuga perseguido pelo Estado ditador por causa de seus ideais e posicionamentos em defesa da democracia e liberdade de expressão. “24 Horas de Liberdade” é a síntese de uma luta que também perpassa o trabalho do artista que, conforme sua trajetória neste ano, conseguiu aliar ideologia e arte sem deixar de explorar referências estéticas e dialogar com públicos diversos. Para fechar 2018, ele narra a história de um casal que encontra na paixão e no afeto uma pausa, simbolizada pelo alento em meio aos dias de caos. Em tempos de ódio, amar também é revolução.

A atriz protagonista encarna a personagem central da história, misturada por lembranças de momentos vividos com um homem considerado uma ameaça para o Estado. A ambientação intimista do clipe cria uma silenciosa delicadeza que se contrapõe ao ápice das cenas picantes de tesão entre os dois. O “perigo na esquina” parece se distanciar entre os suspiros e entrelaçamentos de pernas. O barulho dos carros que cruzam a Avenida logo abaixo não rompe a teia discreta de um sentimento nostálgico que só conta com o agora para se materializar. A cidade cinza ganha as cores de uma paixão apenas contemplada da janela para dentro de um quarto onde a cama representa libertação.

Essa música fala de aproveitar o último dia de liberdade com toda força, para ficar na memória, já que fodeu tudo. Com uma ditadura, tudo se torna menos humano e até mesmo o sexo é controlado. Tem um trecho do livro “1984” (clássico de George Orwell) em que os personagens transam muito e com uma vontade muito grande porque até o sexo estava proibido pelo governo. Então, eles transam escondidos e com uma excitação política”, explica Chinaski, que arremata: “A ditadura vem com uma onda de moralismo muito grande e o sexo acaba sendo um ato de rebeldia e revolução também”.

O chapéu vermelho com o nome de Lula, a parede de avisos com os alvos do guerrilheiro são outros indícios que dialogam com o atual cenário político brasileiro, uma marca do trabalho de Diomedes.

Queria que a sonoridade lembrasse o Brasil do Golpe de 1964, optei por samplear Bossa Nova, porque acho que ela representa muito isso. Não a apropriação cultural e a revolução branca burguesa da época. Essa atmosfera me faz lembrar os dias atuais. Os intelectuais burgueses sambando sem malemolência, os militares loucos. Acho que a sonoridade da Bossa Nova traz esse Brasil para as nossas cabeças”, explica o músico que assina coprodução do beat ao lado de DK e DJ Bac. O clipe está disponível no YouTube a música entra nas plataformas de streaming neste domingo (30).

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