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quinta-feira, março 28, 2024

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Poeta usa diferentes plataformas para contar histórias de “Mulheres em Travessia” no Peru e no Brasil

Para resgatar histórias de mulheres que possuem vivências de migração, a atriz, poeta e dançarina Jô Freitas criou o projeto “Mulheres em Travessia”, que reúne poesia e intervenção urbana, além de uma conexão afetiva com quem se dispõe a contar a própria história. No próximo dia 11 de abril ela embarca para Pucusana, no Peru, onde ficará por 30 dias para colher histórias das mulheres que vivem em uma vila de pescadores.

De acordo com Jô Freitas, a ideia inicial do projeto é fazer a captação é de histórias reais das mulheres de uma região, bairro ou povoado onde existe migração. “Quero contar as histórias delas e do local em que vivem. Esse resgate afetivo será registrado em vídeo, criando assim uma série de cada região que pretendo passar”, disse.

O trabalho começou após uma visita que a artista fez ao país vizinho e se encantou com as histórias das mulheres e agora, ela retorna ao Peru para dar sequencia ao projeto, em parceria com Centro Cultural ESCAPE, que tem como diretor o Miguel Villaseca Chavez. Ela também conta com a parceria do ator e produtor Ricardo Delgado Ayala.

Durante os dias em que estará na vila de pescadores em Pucusana, para onde muitas mulheres foram, para ficarem próximas aos maridos, Jô Freitas pretende colher depoimentos em vídeo, para recontar tais histórias em diferentes locais e contar estas histórias em diferentes plataformas: vídeo, poesia, intervenção artística e urbana, entre outras.

“Quero resgatar a memória destas moradoras que lá residem. O Centro Cultural ESCAPE vai me receber em uma residência para artistas, já que desenvolve também atividades sociais e culturais, mas estou fazendo o projeto na raça, sem qualquer recurso financeiro, mas com muito amor e vontade de recontar estas narrativas. Claro que tenho esperança de conquistar apoios e realizar o Mulheres em Travesia em outros espaços e partes do mundo, que é muito grande e é preciso resgatar as histórias dessas mulheres, o olhar dessas pessoas que tiveram que parir seus filhos e sair de sua terra natal, criar um novo mundo que é desconhecido. Isso é o que mais me encanta”, contou.

A proposta vai além. Segundo a poeta, há também a ideia de criar um poema para cada história e depois disso fazer um ‘encontrão’ com todas as mulheres, em uma ação coletiva de intervenção urbana em um muro, colando lambes com as poesias e fotos feitas para elas.  “Queremos escolher um espaço ou muro no bairro para fazer esse memorial, colando as imagens e poesias feitas a partir das histórias, já que este é um resgate que se modifica durante os anos e é preciso recordar sempre das lutas, das dores e dos amores”, disse Jô Freitas.

Doze histórias de mulheres brasileiras
A vontade de ouvir e contar as histórias surgiu em 2016, ainda no Peru. Ao voltar, Jô Freitas colocou o projeto em prática e captou histórias de diferentes mulheres em parceria com o Agente Comunitário de Cultura (SMC) e foi realizado no bairro em que ela vive: Jardim Camargo Velho, no Itaim Paulista, zona Leste da capital de São Paulo.

“Elas puderam narrar a própria vida e o local onde vivem por meio de uma ótica identitária própria. “Com isso, eu quis construir uma memória afetiva do local onde vivem estas mulheres, já que muitas delas – como eu – são migrantes nordestinas, onde tiveram que largar suas cidades de origem para vir para a ‘terra da garoa'”, contou.

De acordo com Jô Freitas, o que mais a interessa é fazer uma conexão da origem destas mulheres em diferentes locais e contar estas histórias de diferentes formas, em ações cenopoéticas, com escritos, na internet, em vídeo, etc. “Quero fazer esse paralelo da origem destas mulheres, de como foi a luta delas para construir seu bairro – no caso o Itaim, que é em grande parte conquista de uma ocupação dos anos 1990 – o que a transformou e poder ver agora quais são as conquistas”, destacou a artista.

Assim, as 12 mulheres contaram suas vivências e ganharam poemas e postagens na rede social do projeto. A proposta é também realizar uma intervenção urbana e poética com elas, com lambe-lambe/stêncil, com fotografias das mesmas e trechos do que foi produzido.

“O que me instiga no projeto é saber o que transforma essa mulher que é migrante, que está/esteve em travessia, o que o pertencimento à sua moradia modifica o seu viver. É mais profundo, é contar a história pelo ventre e ir além”, comentou.

Agora, além do trabalho que será feito no Peru, Jô Freitas também pretende, por meio das mídias digitais, colher relatos ou vídeos das histórias de mulheres migrantes de diversos lugares e países e transformar o material em uma publicação como diário de bordo, mas virtual. “É a chance de que qualquer mulher possa participar, mandar sua história, a fim de que postemos na nossa página”, acrescentou.

Mulheres em Travessia: Além das histórias das mulheres do Itaim Paulista e as do Peru, Jô Freitas quer ampliar o projeto e receber de mulheres migrantes de diferentes partes do mundo. Para participar basta ser mulher e ter mudado de casa, de bairro, de geografia.

Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas na página www.facebook.com/MulheresemTravessia.

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