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sexta-feira, março 29, 2024

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Os Brasis e suas “Histórias Reais” em clipe novo do Inquérito

A realidade opressora mas vitoriosa das periferias é tema constante no dicionário do Inquérito, longevo grupo de rap paulista que lançou em março seu sexto álbum, “Tungstênio”. “Histórias Reais”, faixa do repertório deste disco, é um glossário às questões da (sobre)vivência de homens e mulheres vivendo a esmagadora verdade da escassez, da miséria, da frustração.

Cantados em primeira pessoa, os extensos versos narram poeticamente a dureza de vidas à deriva do sistema, cada qual sob um cenário: o menino que supera os maus exemplos para ter o mínimo de dignidade, o cabra do nordeste à mercê das milícias, do tráfico, resistindo à ostentação da “vida fácil” do crime, a mulher heroína que mata no peito as obrigações de mãe e de guerreira solitária no dia a dia.

Histórias Reais” é um retrato – do brasileiro escravizado, chamado “proletário” – com diversas perspectivas e por isso mesmo interpretado por quatro vozes. Sem acaso ou destino, histórias que se repetem porque os cenários mudam mas a mudança de verdade nunca chega.

O instrumental não poderia conter menos do que muito sentimento. Na estrutura verso-refrão-verso-refrão, um drama quase teatral se desenrola entre os altos e os baixos, com clímax, emoção, aspereza sentida na pele.

A mesma intensidade foi dada ao clipe dirigido por Vras77, que fez da edição uma aliada para passar o lado denso da vida de tantos desconhecidos. Contar “Histórias Reais” que se entrecortam pelos tantos Brasis de personagens ocultos.

Vras77 descreve: “Vitor Hugo, jovem negro e morador da Okupa Alcântara Machado (SP), trabalha de sol a sol sem perder o sorriso e sem sucumbir à criminalidade. Vitor Gonçalves, jovem de Mogi das Cruzes, vive em função da arte, ensina circo para crianças e adultos, e respira a resistência à frente do Galpão Arthur Netto. Amanda NegraSim, mulher, negra, mãe, rapper e idealizadora de diversos projetos que enaltecem as mulheres negras e colocam em pauta a diáspora africana”.

Histórias Reais” se assemelham. Não é mera coincidência.

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