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sexta-feira, abril 19, 2024

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Oganpazan: Visões Progressistas e Líricas Bereta!

Visões Progressistas que vão do norte e até o sudeste, separamos trabalhos que estão buscando fundir sua cuca, com letras e visões poderosas.

Por Danilo, Oganpazan

Selecionamos alguns clipes que nos agradaram muito e pelos mais variados motivos, porém em todos eles podemos encontrar um complementaridade bacana. Seja na junção das ideias e na tradução das mesmas em imagens, seja por ilustrarem momentos. Fomos ao norte até Amapá, descemos pra Bahia, passamos por Belo Horizonte e chegamos em São Paulo. Não necessariamente nessa ordem, mas visitamos a todos. Esperamos que vocês também possam viajar.

Inglês é um dos mc’s que vem daquele lugar que tem se tornado uma especie de recôndito mítico do rap nacional. Do Vale do Paraíba, seguindo a mesma linha de seu primeiro e impactante disco, o rapper segue numa trilha que parece ter se tornado a marca registrada desta parte do país quando se fala de rimas. Muito flow, letras fortes que buscam uma espiritualidade regada ao mesmo tempo com criticas sociais. Trazendo um cruzamento fundamental entre aspirações éticas e posicionamento politico claro.

São muitas formas de fazer o corre no rap nacional hoje, a diversidade de propostas é algo já assimilado tanto por públicos distintos, quanto pelo mercado. Inglês o traduz (o rap) como algo que ao ouvirmos não conseguimos pensa-la de outra forma, pois transcende perspectivas. Farol é posição, mas do que um single novo, de uma nova trilha. Se Nova Época (2015) serviu como um forte debut e espalhou o nome do mano pelo país inteiro, Farol, sua nova música aponta a continuidade não repetitiva, de sua caminhada. Farol (prod. Dj Willião) já nos traz apenas – e não é pouco – a confirmação de que sua poética e música não ficará sem iluminar quem precisa e quem aprecia o melhor que o rap tem a oferecer.

Catadores, pipoqueiros, moradores de rua são algumas das imagens que Jean Furquim nos traz com seu olhar agudo diante de nossa realidade. Buscando em cada take captar a disjunção entre o flow e a lirica rápida do rapper e seu caminhar mais lento, que na verdade é o nosso. Se como canta o mc: A Tese é Cegar, a união de imagem e som, aqui produz visões. Torna visíveis caminhos estreitos, reflexos difusos em poças de lama, dá existência aos invisíveis. Acho bom você assistir essa maravilha do rap nacional e meditar.

Segundo single da sua retomada de carreira, Aliem Mfv soltou A Vassoura da Bruxa, com participação de seu parceiro de grupo EduConceito ( Sinergia 16). Sim, uma retomada muito forte e que nos deixa claro o quanto de vivência sua poesia nos traz nesse clipe muito bem dirigido por Erik Doria e roterizado pelo próprio rapper.

A Vassoura da Bruxa é certamente um veículo por onde o mc consegue fazer com que suas ideias voem e assustem quem espera uma poética mais linear pra tratar do crime. Os problemas e as visões da Capelinha de São Caetano, são colocadas numa fronteira onde a complexidade se faz presente. Desde as imagens capturadas de seus becos, casas semi-destruídas até a linda visão da baia de Todos os Santos ao fundo. Um dialogo semiótico muito bacana com o gueto do maloca maior que é o Chaves, com os milhões de lares de outros tantos. Ironia que não é desprovida de sentido na medida em que nos remete para essa mitologia de massas que a produção mexicana criou.

No final das contas é em busca dessa inocência que leva o nosso querido Chavinho a não romper as fronteiras da lei, resistindo a todas as agruras de um menino de rua, que o rap deveria nos fazer engajar. Logo em breve Aliem Mfv vai soltar seu EP e podemos assegurar: merecerá toda a sua atenção.

DV Tribo é um coletivo formado por Fabricio Fbc, Hot Apocalypse, Clara Lima, Djonga e Oreia e que fazem um rap bem underground. Recheados de líricas chapadas, com letras repletas de ironias e cinismo do melhor, os manos e a mina chegam pesado nesse clipe road movie. Contando com direção de Matheus Aragão, que com maestria conseguiu captar os doid@s delirando em viagens de cogumelo, ganja e muita cerva Brahma e propor-nos uma edição muito interessante.

Errei, não é um road movie, na verdade é um brain movie, onde @s menin@s não economizam em ideias para nos fazer delirar dentro de uma van, com uns Hadoukens poderosos, capazes de nos fazer entrar num processo de mutação com nossas próprias células. Dentro do espaço lisérgico criando por Coyote Beatz, el@s seguem dando selinhos em latões de cerveja, puxando os fino numa pressão tão forte que nós mesmos começamos a sentir a onda.

Um grupo muito forte, fazendo um estilo underground que não é escapista, que busca a sua maneira encarar os diversos problemas que o rap sempre enfrentou. Mas que não abre mão de tirar a cara, pois o tédio é foda mesmo. Resumindo, não é mais um daqueles grupos com um flow novo e bacana e o conteúdo lirico e ideológico vazio. Um clipe muito maneiro e capaz de levar o trabalho que agora se inicia a frente! Vida longa ao DV Tribo…

Esse vídeo nos coloca tantas questões que é difícil escolher uma de onde partir pra fazer um breve comentário como essa matéria pede. Em primeiro lugar, seria preciso dizer que você – querido moda – necessita re-conhecer que esse karma da cena, reencarnou fruto de muitos espectros fortes da cena. E se ele vai conseguir matar a cena é porque traz em si a força de muitos. A cena baiana já coloca essa pegada hardcore nos shows faz muito tempo, com essa mesma força de atração, nesse impacto que o Mazili traduziu perfeitamente nos beats olodúnicos!

Dito isso, é preciso dizer também que 999 é sem dúvida um dos melhores webclipes do ano e a cena brasileira precisa se acostumar a ver os nordestinos largarem o doce. Aqui isso é contumaz e Fernando Baggi captou, editou e ao preferir o preto em branco, voltou aos tempos do cangaço, como um novo Benjamin Abrahão. Registro histórico de uma festa que com certeza marcou um novo caminho pro rap nordestino, um só caminho aqui é exatamente isso. Expulsão por mal comportamento dos que abrem a boca pra dizer que é Tudo nosso, mas só cola em evento de rappers de fora.

Afirmação da nossa própria identidade acima de qualquer outra imposição, consumindo-nos a nós mesmos, num ritmo inclusivo, sem bairrismo. Pois a nossa Costa é muito maior que um ou dois estados, a nossa história é muito maior do que qualquer marketing e as nossas produções é que vão dar a direção daquilo que queremos ser. Direção que deveria ser multidimensional, para além de requisitos territoriais ou de fofoca, pois sabemos bem quem rima apenas com o EGO.

Ah, ouvi dizer que a música é de um tal de um Baco aí, chamam ele de Exu do Blues asveis, você pode encontra-lo nas encruzilhadas de multi silábicas ou em imagens surrealistas retiradas de massa encefálica esparramada em asfalto quente!

Satisfação enorme poder noticiar esse clipe infestado de flows ricos e verdadeiros, num pique de freestyle forte, com um beat alucinante, direto de uma praça lá do norte. Playboy é mato em qualquer lugar, e não é diferente lá em Macapá, capital do Amapá. Sim aquele lugar que você nem sabe que faz parte do Brasil, mas que com muita força resiste e produz com uma qualidade massa.

NósdaBoca, é um grupo que está no corre desde 2014, batizados como tal agora em 2016, contrariando as estatísticas e formado por Zion, Kenno e Matheus. Crias das batalhas de freestyles e que contam nessa track com a participação de Mc Super Shock pesando junto com os manos. O clipe é relativamente simples, firmando a cara nos mc’s enquanto os mesmos rimam na praça Nossa Senhora de Fátima no bairro de Santa Rita. E que sejam santas todas as formas de resistência através da arte. Contando com direção de Emilyn Monteiro e do também beatmaker VoltsBeats, o clipe me chegou pelas mãos de Ramon José que faz um trabalho louvavel no blog Repeiros do Norte.

A música nos chega falando sobre as dificuldades do dia a dia, a malandragem, a necessidade de esquivar do crime, a busca pelo reconhecimento. Temas que são recorrentes no rap, mas que os manos conseguem incorporar com autenticidade e qualidade. Esperamos agora os próximos lançamentos, pois certamente a Meta é 10, 9,5 nem rola.

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