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sexta-feira, abril 19, 2024

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No corre do “Placo”, Rincon Sapiência estreia seu selo com trapfunk e clipe

O rapper e produtor musical Rincon Sapiência lança seu novo single “Placo”, que chega junto com um videoclipe. O lançamento ma rca a estreia do seu selo independente MGoma-lê-se “em goma”, o que significa “em casa”, com uma mistura envolvente de trap e funk, que já se tornou referência na obra do rapper paulistano.

Na faixa, produzida por Paiva, Lotto e Billy Billy, o Mc e agora empresário à frente de seu próprio negócio–narra as dores e as delícias de quem vive nos guetos brasileiros e literalmente sua a camisa em busca de suas realizações pessoais, materiais e afetivas. Em “Placo”, a maestria de Rincon em combinar as diferentes linguagens da música periférica brasileira soma-se às suas pesquisas da música africana, dando vida a um som potente. Com os graves acentuados dos tambores, o refrã o é marcante e traz o recado: a palavra “placo”–gíria para dinheiro, se repete diversas vezes, referindo-se aos plaquês de notas, fruto do trabalho de Rincon Sapiência em sua nova empreitada.

O videoclipe, dirigido por Gabriel Duarte e produzido pela Ogiva Filmes, foi gravado na favela de Paraisópolis. A locação escolhida para narrar a leitura apurada do Mc sobre os contrastes da pirâmi de social brasileira é a segunda maior favela de São Paulo. Encravada em meio a bairros ricos da zona sul, entre os prédios luxuosos e os barracos de Paraisópolis se esconde um abismo social. A travessia desse abismo por meio da arte e do empreendedorismo é a tônica do discurso. Uma louvação ao desejo legítimo de ascender social mente, fortemente ama rrado à afirmação identitária, marcada pela valorização dos grupos da diversidade étnico-racial, de gênero, e da estética periférica.

O diálogo com o funk, gênero musical que hoje se insere como o mais popular da periferia brasileira, do underground ao mainstream, vem ta mbém por meio da linguagem corporal. Os dançarinos do NGKS (Passinho do Maloca) estrelam o clipe ao lado de Manicongo e de um casting diverso, retratando de maneira fiel o cotidiano vivenciado nas favelas de todo o Brasil. Mostrando-se uma referência para a reflexão sobre os lugares em que se encontra m boa parte dos consumidores muitas vezes esquecidos, “Placo” mostra a importância do consumo e da materialização da ascensão social na periferia do Brasil atual. Ao mesmo tempo, no lançamento Manicongo faz uma provocação sobre a própria dinâmica do mercado musical contemporâneo.

O “corre do placo” acontece num contexto em que o artista se torna cada vez mais dono da sua música e capaz de proteger a própria criação, com liberdade artística e a possibilidade de experimentar novos modelos de negócios. A história remete a inúmeros casos de sucesso de artistas periféricos pelo mundo, onde a música se torna um instrumento de auto-realização e movimenta a economia por meio do faça-você-mesmo. Em tempos de incertezas no país, Rincon Sapiência abre os trabalhos de seu novo negócio com a mensagem de que a periferia sempre está pronta para roubar a cena celebrando a sua própria cultura de maneira autêntica.

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