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quinta-feira, março 28, 2024

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Muros da Av. 23 de Maio são grafitados com apoio da Prefeitura

Via terá um dos maiores corredores de arte urbana da América Latina. Trabalhos devem se estender até o final do mês de janeiro

2014-12-06-co-grafite-23maio-06 A Avenida 23 de Maio está ganhando novas cores. No início da tarde deste sábado (6), tiveram início os trabalhos de intervenção artística naquele que será um dos maiores corredores de arte urbana da América Latina. O projeto, promovido pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, vai contemplar intervenções de grafite em mais de 70 muros entre o Terminal Bandeira e o Parque Ibirapuera, em frente o Museu de Arte Contemporânea da USP, o antigo Detran.

“Ter a oportunidade de expor meu trabalho em uma das principais avenidas da cidade é sensacional. Quase ninguém se dava ao trabalho de fazer grafites aqui, pois sabíamos que a chance de termos o nosso trabalho apagado no dia seguinte era grande. Antes gastava-se muita tinta pra cobrir os grafites. Hoje somos centenas de artistas reunidos, fazendo um trabalho legal, que vai tornar a cidade ainda mais bonita, mais colorida”, disse a grafiteira Katia Suzue, de 34 anos, uma das poucas mulheres participantes do projeto.

No total, mais de 200 artistas deverão trabalhar até o final de janeiro para concluir um painel de mais de 15 mil metros quadrados, com dimensões inéditas na cidade. Os trabalhos nos muros da avenida se darão em três fases, de modo evitar prejuízos ao fluxo de pessoas e carros que por ali passam diariamente.

O investimento na elaboração do corredor de arte urbana na Avenida 23 de Maio é de cerca de R$ 1 milhão. Cabe à administração municipal o fornecimento de materiais para a produção das pinturas, equipamentos de segurança e suporte aos envolvidos, como em alimentação. Além dos recursos financeiros e materiais, a Prefeitura também é a responsável por coordenar a prestação de outros serviços como a segurança que será fornecida pela Guarda Civil Metropolitana, a limpeza dos muros e ampliação da iluminação nos pontos de intervenção e apoio à organização do trânsito durante a pintura dos muros pela CET.

“Antigamente nos mandavam a polícia. Hoje nos mandam tinta, spray e lanche”, brinca o grafiteiro californiano John Dennis Howard, 77, que vive na cidade desde 1973 e já perdeu a conta de quantas vezes foi abordado por policiais ao pintar os muros da cidade. Para Howard, que traz em seu currículo uma série de atividades de educação ligadas ao grafite, é de extrema importância o fato do poder público compreender a intervenção urbana como arte. “Isto é olhar para os extremos da cidade, é mostrar interesse pela arte que nasceu na periferia. Muitos dos jovens que picham e grafitam têm no seu trabalho o principal elo com a sociedade. É uma manifestação artística, sim”, afirma.

“O pixo já é encarado como arte na periferia. Lá todo mundo gosta. O problema é que grande parte da população ainda encara pixador como bandido e não é bem assim. Tem pixador que é engenheiro, tem pixador que é médico. O ‘pixo’ é só mais um jeito da gente se expressar”, diz Sergio, 33, que é autônomo e morador da zona leste.

Com esta ação, a Prefeitura afirma o papel estratégico que a arte de rua tem para a construção de uma política cultural cada vez mais inclusiva para a cidade de São Paulo. A pintura do corredor da Avenida 23 de maio é um primeiro passo para a consolidação de um programa de valorização e reconhecimento da arte urbana.

Na próxima semana, deverá ser anunciada a criação da “Comissão de Inscrições na Paisagem Urbana”, que será coordenada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. O objetivo desta comissão será dialogar sobre o uso do espaço público pelos artistas e construir um marco conceitual para estruturação de diretrizes e políticas públicas específicas para este segmento artístico.

As próximas etapas deste programa, que visa consolidar uma política para a arte urbana, incluem o acesso e uso de empenas cegas e espaços públicos para a arte urbana, o mapeamento e reconhecimento dos painéis relevantes de arte de rua, políticas de memória, preservação e acervo, além de atividades de formação.

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Fotos: César Ogata/Divulgação Prefeitura de SP

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