Morando em São Paulo, rapper do Espírito Santo relata cotidiano de violências na capital.
Num beat sinistro, Tavn manda seu flow ligeiro pra falar sobre racismo e violência policial, temas que o rapper já abordou no passado, quando transitava pelo pancadão. Ao ser questionado sobre a razão de voltar ao assunto em “Inferno”, seu mais novo single, Tavn comenta: “Falo dessa parada por causa de muita coisa que anda rolando. Há um tempo atrás, a ROTA matou quatro jovens aqui na quebrada. Eu já vinha escrevendo sobre isso, não era o foco da minha mixtape anterior, mas eu falo disso desde quando eu cantava funk”.
De acordo com Tavn, rapper capixaba radicado em São Paulo, “Inferno” fala da cobrança da graduação para um emprego que pague salários melhores, algo difícil de alcançar na atual situação econômica do país. Isso acaba excluindo os jovens negros. “Eles cobram uma graduação que não disponibilizam pro preto”, conclui.
Na linha trap, estilo que Tavn domina bem, os versos de “Inferno” miram as quebradas e a violência policial. “Falo principalmente do que vejo aqui em Diadema”, afirma o rapper. Quanto ao grande clamor dos conservadores por mais truculência e brutalidade por parte da polícia para resolver os problemas de segurança pública, o rapper dispara:
“Grande parte da galera que está cobrando essa brutalidade da polícia nem vive na quebrada, sacou? Nem sabe como a ação policial funciona dentro da favela. Eles poderiam estar cobrando mais preparo da polícia e mais educação para os jovens”.
Ao tratar assuntos mais sérios, “Inferno” é mais um exemplo da tendência que vem tomando corpo na cena nacional. Não dá pra ficar calado em meio ao cenário desigual que está sendo perpetuado nas periferias.
Em 2016, o rapper lançou “A Correria Continua”, álbum com 11 faixas.
