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quinta-feira, abril 25, 2024

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Em SP, Exposição “A Luta e a Tarifa” estreia neste sábado, dia 6

O espaço cultural Passagem Literária da Consolação recebe este mês a exposição fotográfica “A Luta e a Tarifa”. A mostra independente reúne os trabalhos dos fotógrafos Luís Blanco, Léo Martins e Alexandre Moreira durante seis anos registrando as manifestações populares contra o reajuste das tarifas de ônibus, metrô e trem.

Após uma apurada pesquisa entre milhares de imagens e dezenas de gigabytes de arquivos digitais, foram selecionadas 18 fotos e 68 registros, impressos em lambe-lambe, de situações adversas diárias vividas no transporte público paulistano, além de textos e um poema assinado pelo jornalista Juca Guimarães.

“Não foi uma escolha apenas pela plasticidade das imagens. Tinha sim uma intenção de mostrar fotografias impactantes, mas não é apenas arte. Nossa intenção é o registro documental do que aconteceu nesses seis anos de protestos contra a tarifa, por isso, os textos para situar quem for ver a exposição”, disse Blanco.

A decisão de reunir os arquivos pessoais dos três amigos em uma exposição surgiu de uma contestação sobre a memória coletiva da cidade. “O povo esquece muito rápido. A luta contra o reajuste é legítima e é uma luta que nós nos identificamos. Também notamos que boa parte da população também se identifica, mas é uma memória que está se apagando”, disse Alexandre Moreira.

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Foto: Divulgação

Para Léo Martins, a exposição também contribui para uma reflexão sobre a relação entre a cidade, o trânsito e o transporte público. “Talvez São Paulo seja a cidade, no mundo todo, onde o trânsito tenha mais impacto sobre a vida das pessoas. E a luta contra o reajuste gerou uma discussão importante sobre a qualidade do serviço e o valor que se paga por isso. As fotos também mostram o quanto é penosa a vida de quem depende do transporte público. A exposição quer levantar uma análise crítica mesmo, fazer uma reflexão se realmente o serviço vale o quanto cobra. Eu acho que não. E as melhorias que vieram são decorrentes das manifestações populares”, disse.

A escolha da Passagem Literária da Consolação para abrigar a exposição também faz parte da proposta dos fotógrafos de provocar uma leitura mais ampla sobre as manifestações. “Alguns dos embates mais violentos aconteceram nessa região da cidade. Além disso, a passagem fica embaixo de um corredor de ônibus entre duas estações do metrô”, disse Moreira.

A violência e a repressão também são temas presentes na exposição. A cobertura dos protestos oferece muitos riscos para os fotógrafos. “Não estamos lá pela adrenalina ou por prazer de enfrentar o perigo. É um trabalho que, por sinal, exige muita concentração e técnica. Mas no meio da agitação o estresses e a violência da polícia acaba nas nossas costas, literalmente”, disse Blanco. Moreira define em dois momentos distintos as situações mais complexas dentro da manifestação. “Existe a tensão de estar próximo do confronto quando explode a violência. Há também frustação quando as coisas estão acontecendo longe de onde você está. Daí você perdeu a foto. Deixou escapar o registro”, disse.

“São momentos tensos de igual intensidade para o fotógrafo: quando você está em um lugar ruim para a foto e também quando você está onde a sua integridade física fica ameaçada”, disse Léo Martins.

Serviço
A exposição, com fotos feitas entre 2010 e 2016, fica aberta até o final de agosto. A entrada é gratuita e a Passagem Literária da Consolação também tem um sebo e outras exposições de arte. O endereço é rua da Consolação, 2387, no final da avenida Paulista. A abertura é no sábado, dia 6 de agosto, a partir das 18h, com um bate-papo com fotógrafos.

Mais informações acesse: www.facebook.com/events/1151277741596323

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