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sexta-feira, abril 19, 2024

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Aori: “No rap brasileiro tudo fica meio parecido, flows, beats e roupas”

Conhecido como um dos representantes da essência do hip hop, Aori, integrante do Inumanos, concedeu entrevista exclusiva ao ZonaSuburbana para falar de seus projetos e mandar uma ideia forte sobre a mesmice que rola em parte da cena rap.

ZS: O rap do Inumanos sempre subverteu os padrões da cena hip hop brasileira. Com o single “Alerta”, trouxeram a estética 808 que domina o hip hop, mas a mensagem é punk. Acha que falta essa atitude em grande parte do rap atual?
Aori: O lema da nossa crew é Subversão Urbana, então o conceito é sim trazer informação nova pra cena. Usar as ferramentas comuns a todos de um jeito único. “Alerta” é mais que uma música, uma declaração, um salve mesmo e não uma tentativa de hit pop. A gente queria fazer algo diferente de tudo que chamam de rap no brasil. Inumanos sempre teve essa pegada punk de faça você mesmo.

Uma parada que acho que falta é a vontade de ser único, parece que rola uma fórmula pop no RapBr que faz tudo ficar meio parecido, flows, beats, roupas, danças. Antigamente diziam que a culpa era das gravadoras, mas hoje não tem mais gravadoras, a culpa é de quem?

ZS: O próximo single do Inumanos vai chegar na mesma vibe de “Alerta”?
Aori: Não, o próximo single vai ser bem diferente! É um rapazão bolado chamado “Tanto Tempo”.

ZS: Você prepara mais um trampo solo, poderia falar um pouco sobre essa parada?
Aori: Estou organizando um EP solo em parceria com o Gabriel Marinho, vai ser tipo um “Anaga” mais street, com algumas participações super especiais, quero dar um belo trato na produção musical pra bater bem forte!!! No comecinho do ano que vem estará na pista.

ZS: E o lance do 3Preto, como está? Teremos novidades?
Aori: Sim os 3Preto está de volta. Gravamos um EP que está simplesmente surreal, vai surpreender muita gente. Eu, Xhackal, Misterio, Dj Mohamed Malok e o gênio das produções Damien Seth, estamos fazendo uns raps bem suingados e com uma perspectiva única do RapBr. Esse trampo acho que sai ainda nesse ano.

ZS: Já perguntei essa parada para outros artistas, mas mando pra você também. Novos personagens estão atuando na cena hip hop brasileira, trazendo outros discursos e questionando algumas demandas e projetos que fazem parte da luta periférica e negra. Estes artistas estão chamando a atenção de um grande público jovem e consumidor. Como vê essa mudança no hip hop?
Aori: Todos são bem vindos na nossa casa, é só não esquecer quem são os donos da casa. O rap é a música mais ouvida hoje em dia, mas pra mim rap sempre vai estar ligado aos valores da cultura hip hop. Nosso dever é passar essa mensagem adiante e liderar pelo exemplo. Pra mim, ser um rapper sempre foi mais que fazer sucesso.

ZS: O rap pode falar de tudo, mas agora, quando o assunto é política ou questões sociais, muitos colocam esse discurso na prateleira do passado. O entretenimento precisa ser totalmente um foda-se para uma realidade de desigualdade que se repete durante séculos?
Aori: Nãoooooo!!! Equilíbrio gente!!! Rap não pode ser palestra, mas tem que ter realidade unida com a imaginação. Falar de coisa séria, falar de amor, mas com verdade, até pra inventar tem que ter verdade. Black Alien, no meio de um rap, lança mais informação que uma enciclopédia. No hip hop, enquanto você balança o quadril, está aprendendo milhares de coisas. Mexa a bunda mas mexa o cérebro.

Foto: Patrick Gomes

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