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quinta-feira, abril 25, 2024

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Aborígene faz rap para reavivar as utopias

Por Jair dos Santos Cortecertu
Especial para CCCa

Resistir dentro do hip hop, fazer rap com uma relação de afeto e compromisso com as origens de luta da parte que faz seu corre diário no rodapé da pirâmide social brasileira. Quantos exemplos de artistas que não abandonam a militância podemos citar hoje em dia? Posso afirmar que são muitos, mesmo sabendo que seus raps são ofuscados pelas ondas que vão e vem nesse mundão de rappers que bombam dentro e fora das redes sociais.

Aborígene é um deles, o rapper do DF segue firme com sua poética. Como um griot com recursos eletrônicos e digitais, conta suas histórias, fragmentos também são nossos. Com simplicidade, faz chover esperança, continua acreditando na transformação em meio ao saturado gênero que celebra a ascensão dos novos pretos ricos, MCs inseridos no paraíso do capital que repetem o discurso de quem oprimiu seus ancestrais e ainda oprime os pretos nos dias de hoje. Enquanto contam dinheiro em clipes enfumaçados, Aborígene rima outra vida, outra cena.

Em janeiro deste ano, o rapper publicou o livro “Hip Hop em Mim” (baixe aqui), trampo que traça um panorama do movimento e mescla sua trajetória no rap. Aborígene reconstrói links entre arte e política. “Enquanto Bambaataa batiza o hip hop, os EUA instauram a ditadura de Pinochet no Chile e inúmeros outras ditaduras na América Latina”, comenta o rapper.

Recentemente, Aborígene lançou o lyric video de “Um canto a Margarida”, som que retrata a história real de Margarida Maria Alves, trabalhadora rural e liderança paraibana de Alagoa Grande. “É uma música que compus há bastante tempo, acredito que em 2013, mas agora a gente concluiu o lyric video. Sempre tentei honrar a memória de todos os lutadores do campo na minha música, sobretudo nesse ambiente onde furtam nossos direitos. Faço rap pra reavivar as utopias”, conclui.

Ao falar da cena atual, Aborígene critica o marketing irresponsável, “fruto do consumismo ao lado da não-escolarização e de uma mídia não democrática.”

Os coletivos periféricos sempre falaram sobre a importância da inspiração de artistas que não deixam os temas políticos em segundo plano. De fato, artistas como Aborígene podem influenciar as novas gerações e mostrar que não existe apenas uma via para se fazer rap. “Um canto a Margarida já vem sendo utilizada por professores e professoras em suas aulas”, postou o rapper recentemente em seu perfil no Facebook.

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